Túnel do Tempo

De Volta Aos 15 dispõe de pouco encanto, apesar das boas intenções

Leia a crítica da primeira temporada da série teen da Netflix estrelada pelas atrizes Maisa e Camila Queiroz

Podem chamar de De Repente 30 (2004) invertido ou 17 Outra Vez (2009) feminino. Tanto faz!

De Volta aos 15 da Netflix não quer esconder que claramente se inspirou em ambas produções hollywoodianas para entreter aqueles que adoram uma viagem pelo túnel do tempo. Seja para frente ou para trás.

No caso da nova série – voltada ao público adolescente – iremos retornar no tempo para um passado que nem é tão longínquo assim, porém, certamente irá reacender alguns saudosismos adormecidos em boa parte do público na faixa dos trinta anos de idade, que insiste em olhar no retrovisor com mais paixão do que o recomendado.

Baseado na obra homônima de Bruna Vieira, De Volta aos 15 acompanha Anita (Maisa e Camila Queiroz), uma mulher de 30 anos que acaba voltando para os seus 15 anos de idade. A jovem tenta consertar a vida de todos ao seu redor, mas cada mudança no passado impacta o futuro de todos e nem sempre para melhor. Ela tenta ajudar com a vida amorosa de sua prima Carol (Klara Castanho) que está envolvida com o maior boy lixo da cidade; de Luiza (Amanda Azevedo), sua irmã mais velha que vive presa no papel de princesinha da família; seu amigo César (Pedro Vinícius) que precisa de coragem para assumir quem é de verdade; além de Henrique (Caio Cabral), seu melhor amigo nerd que é secretamente apaixonado por ela. Será que Anita vai dar conta de equilibrar tantas missões, incluindo sua própria?

Parque de diversões para millennials (saudosistas)

Lembram do Orkut e suas milhares de comunidades de nomes bem compridos, ou do Messenger, aquele serviço de troca de mensagens que hoje em dia ficou mais conhecido como o pai do Whatsapp, ou mesmo daqueles aparelhinhos de cor branca produzidos pela empresa de Steve Jobs que impressionavam os jovens da época que podiam colocar alguns milhares de músicas de seus artistas e bandas favoritas no próprio bolso?

Então, caso queiram revisitar tudo isso e algumas outras coisas mais, definitivamente encontrarão algum prazer e até decente entretenimento na nova produção original da Netflix protagonizada pela estrela juvenil Maisa. Agora, se não tem qualquer interesse em rememorar algumas dessas coisas, certamente não encontrará muito mais em De Volta aos 15 do que isso mesmo!

Quinze anos de diferença!

A maior diferença entre esta produção e aquelas que foram citadas como suas influências – logo no início deste texto – é que nas histórias hollywoodianas em destaque, não ficamos indo e voltando no tempo, uma vez que temos uma proposta de vivenciar tudo de forma mais intensa (sem intervalos) para que criemos uma conscientização maior e consequentemente de forma mais emocionalmente impactante para o assinante da plataforma Netflix. Entretanto, isso é algo que passará longe de acontecer pela narrativa de De Volta aos 15 nesta primeira temporada.

Tal salto no tempo também apresentou algumas irregularidades narrativas, que acabaram por deixar um maior destaque para o período juvenil de Anita e menos para a fase adulta – onde vemos a protagonista sendo interpretada pela atriz Camila Queiroz.

Avisando que a era teen está mais focada – como esperado – na vida amorosa da estrela principal. Cada hora é um novo garotinho que pode estar começando a desenvolver alguns sentimentos românticos em relação à jovem que fala tudo o que pensa sem qualquer filtro.

Contudo, isso não para nela, pois também temos alguns outros romances acontecendo nas vidas adolescentes de personagens coadjuvantes à trama central.

Boas intenções, mas sem emoção

Todo esse foco romântico atrapalha a intenção da mensagem principal em De Volta aos 15, que comenta sobre como insistimos tanto em mudar as coisas e pessoas, tudo com o propósito de criarmos um cenário melhor para nós mesmos, assim como para com aqueles que tanto nos importamos.

Caso tivesse sido aproveitada a chance, provavelmente teríamos algo minimamente mais atraente como história. Todavia, foram desperdiçadas algumas chances muito interessantes (ausência do pai de Anita) nesta primeira parte da produção original Netflix.

Lembrando que as coisas terminam em aberto para uma possível segunda temporada, porém, para fazer este material brilhar um pouco mais, certamente será necessário estabelecer uma narrativa com mais coração do que esta indiferença vista até o momento.

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