Críticas

40ª Mostra de SP | Crítica: Elon Não Acredita na Morte

O cinema contemporâneo carrega com ele imensas possibilidades de abordagem, inovando frequentemente em sua forma. Ricardo Alves Junior, diretor do filme brasileiro Elon Não Acredita na Morte, tenta conduzir seu longa desta maneira, mas peca pelo exagero e falta de consistência.

Elon Não Acredita na Morte relata a história de Elon, interpretado por Rômulo Braga, um homem que procura incessantemente por sua esposa Madalena, que não apareceu em casa durante todo o dia, e segundo ele desapareceu. O diretor opta por desde o início já estabelecer um modo de abordagem para com Elon através do uso de uma câmera que está a todo momento em suas costas, o perseguindo pelos corredores que Elon transita.

Com planos sequências relativamente longos e uma grande dilatação das ações, o diretor Ricardo Alves busca a todo instante marcar uma identidade ao filme, e talvez seja esse aspecto que tenha atrapalhado sua recepção.

A angústia que o filme tenta passar através da claustrofobia presenciada pelo personagem de Elon, atinge mas se torna algo raso a medida que isso se repete durante todo o longa. É notório a intenção que o diretor busca passar com essas escolhas; Elon é um personagem preso nesse mundo pós-moderno e que não consegue encontrar saídas para lidar com o possível desaparecimento/morte de sua esposa. Sendo assim, é passível de interpretação, se a monotonia que o filme adota, colabora ou não para o desenvolvimento da história.

Se tem um aspecto que Elon Não Acredita na Morte manifesta com muita virtude é por meio do design de som. Os locais que Elon percorre são todos muito bem trabalhados diegeticamente, barulhos que oprimem o personagem são evidenciados em momentos pontuais, conseguindo introduzir todo tormento necessário para as cenas.

Outro mérito do filme é a capacidade que ele tem de nos fazer sentir também presos ao universo do personagem, entretanto, em todos os aspectos há uma tentativa exagerada dessa construção. No roteiro, na foto, na arte, no som e até mesmo na montagem o que perdura é essa inalterabilidade que torna o filme demasiadamente fatigante.

Elon Não Acredita na Morte poderia sim ser um excelente filme, pois abrange questões que se expandem na atualidade, mas a falta de aprofundamento – que consequentemente apresentaria possiblidades de variações – atrapalha na receptividade e nas perspectivas de reflexão para com o filme.

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