James Bond continua sendo James Bond. Principalmente no mais recente filme da franquia, 007 Contra Spectre. Mas para quem espera um Bond como o do último filme, 007 – Operação Skyfall (2012), poderá se decepcionar. Este longa está diferente dos demais da Era Daniel Craig.
James Bond (Daniel Craig) dessa vez realiza uma missão não planejada. Convocado por seu atual chefe, M (Ralph Fiennes, de O Grande Hotel Budapeste), Bond é colocado sob licença por causa desta ação não informada e não autorizada. Politicamente, as coisas também não estão boas. O MI-6 e, consequentemente, a seção 00, estão sob ameaça após um rearranjo do serviço secreto britânico sob a coordenação de C (Andrew Scott, da série Sherlock). A ideia de C é acabar com MI-6 e com o programa 00.
Em meio a estas alterações, Bond percebe que a missão que realizou era apenas o inicio de uma batalha contra um misterioso grupo. Mesmo sob licença e sob constante vigilância do MI-6, ele decide ir atrás das pistas encontradas em sua missão não autorizada e vários personagens do seu passado vão ressurgindo para ajudá-lo ou para confrontá-lo. Até mesmo, para eliminá-lo.
Este é mais um filme sob a direção de Sam Mendes (Foi Apenas Um Sonho). Mendes já tinha sido o responsável pelo filme anterior de James Bond. É bem interessante comparar este longa com o anterior e perceber que a direção dele não foi tão caprichada neste como em Skyfall.
Apesar de alguns momentos serem maravilhosos como o plano-sequência no início do filme e a perseguição a um comboio de carros por um avião, algumas outras cenas estão com um nível tão baixo que acabam reduzindo a qualidade do filme como um todo. Um exemplo de cena assim é o momento no qual uma parte de um prédio despenca na direção do agente britânico.
A história e o roteiro deste filme também foram escritos pelo mesmo trio da Era Craig: Paul Haggis, Neal Purvis e Robert Wade. Os três resolveram encerrar com este filme o que foi iniciado em Cassino Royale (2006). E conseguiram fazê-lo de uma boa forma, mas não na mesma altura alcançada por eles mesmos em Skyfall. Ficou a impressão que gastaram as grandes ideias nos outros filmes e não souberam mais o que fazer para encerrar este arco de história.
Daniel Craig cumpre perfeitamente bem o que lhe foi solicitado por Sam Mendes. Nesta produção, Craig faz um Bond menos sombrio do que interpretou nos filmes anteriores. Desta forma, este longa ganhou um ar mais aventuresco do que os anteriores.
Outros atores reforçam este ar neste longa. Também trabalham em Spectre, Christoph Waltz, Lea Seydoux e Monica Belluci. Christoph Waltz (Django Livre), ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante por este filme e por Bastardos Inglórios, ambos dirigidos por Quentin Tarantino, faz um dos principais personagens nesta história, porém, segue a mesma linha que a de Craig. Apesar de interpretar o seu personagem de uma forma leve, Waltz o faz de maneira correta, sem se exceder nos aspectos importantes.
Lea Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente) também faz um dos personagens fundamentais e, também, o faz de maneira leve. Apesar da história de sua personagem talvez exigir um tom mais sóbrio de sua interpretação, se ela tivesse o interpretado desta forma, ele fugiria da proposta do longa como um todo. Portanto, Lea acertou também no tom deste trabalho.
Monica Belluci (O Último Poema do Rinoceronte) aparece pouquíssimo tempo, mas sua forte presença deixa sua marca nos espectadores. Ela tem mais química em cena com Daniel Craig. Ele não tem tanta com Lea Seydoux. Entretanto, o seu personagem é importante para o desenvolvimento da história, mas não é um dos fundamentais.
A fotografia de 007 Contra Spectre, como na maioria dos filmes da franquia, está ótima. Passando por diversos cenários, como Tânger, Marrocos, Roma e Itália, Hoyte Van Hoytema (Interestelar) faz um ótimo trabalho com a diversidade de lugares, ambientes e momentos. O trabalho de Hoytema auxilia, também, a descortinar alguns personagens do filme.
A edição de Lee Smith (Interestelar) deste longa faz com o que a história seja desenvolvida de forma correta. Não há problemas neste aspecto do filme. E a trilha sonora realizada por Thomas Newman (O Exotico Hotel Marigold 2) reforça este tom mais aventuresco do longa.