Críticas

Crítica 2 | Procurando Dory

Há 13 anos, um filhote de peixe-palhaço se perde de seu pai e este acaba saindo pelos oceanos à procura de seu filho. Bem resumidamente essa é a história de Procurando Nemo (2003), lançado pelos estúdios Pixar e Disney. Marlin, o pai de Nemo, ao procurá-lo, encontra diferentes peixes, entre eles, uma literalmente desmemoriada peixe fêmea do tipo cirurgião-paleta chamada Dory. Com o seu carisma e suas loucuras, a personagem secundária daquele filme cativou os espectadores. Então, quem melhor para protagonizar uma continuação? Dory, claro!

A peixe fêmea de cirurgião-paleta, Dory (dublado, inglês, pela apresentadora Ellen DeGeneres), desde muito pequena, como ela mesma aprendeu com seus pais, Charlie (Eugene Levy, de American Pie: O Reencontro) e Jenny (Diane Keaton, de O Natal dos Coopers), tem problema de memória recente. Ela esquece rapidamente coisas que acabou de ver ou aprender. Um dia, ela se perde de seus pais e tenta, por muito e muito tempo, procura-los até não se lembrar mais do que tinha perdido.

E nessa situação que Dory acaba conhecendo Marlin (Albert Brooks, de Um Homem Entre Gigantes) e, depois Nemo (dublado nesse filme pelo garoto, Hayden Rolence); este encontro faz parte do primeiro filme. Um ano depois de se conhecerem e passarem pela aventura de irem atrás de Nemo, Dory começa ter flashes do seu passado e recordar-se de que tinha uma família e que estava a procura dela. E quando começa Procurando Dory.

Passados 13 anos, o que já era sensacional em Procurando Nemo, se torna fantástico em Procurando Dory. A riqueza visual nessa animação é deslumbrante. O grau de detalhamento é tal que chega a parecer live action. A animação por computador vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos e pode ser que tenha chegado ao seu limite, porque as possibilidades que hoje são alcançadas são fantásticas. Toda uma miríade de animais marinhos representados: os detalhes das constituições deles, como escamas e conchas e pedras e areia, por exemplo, são tão perfeitamente reproduzidos em computação gráfica que às vezes você imagina estar vendo um documentário do fundo do mar e não uma animação.

Na versão original, em inglês, há uma participação especial da atriz Signourney Weaver, que na versão dublada no Brasil, é feita pela jornalista e atriz Marília Gabriela. Essa versão ficou maravilhosa e dá todo um charme ao filme.

O diretor de arte, Don Shank, que trabalhou em séries de animação, como As Garotas Super-poderosas e filmes, como Divertida Mente (2015) e Ratatouille (2007), em diversas funções, conseguiu estrear naquela função, lindamente. Don soube perfeitamente em que ponto está a tecnologia de animação atualmente e fez com que ela trabalhasse a favor dessa produção.

O diretor Andrew Stanton, que foi o responsável por Procurando Nemo e WALL-E (2008), como acontece nas produções sob sua responsabilidade, também foi um dos que escreveu o roteiro.Em conjunto com Victoria Strouse, estreante em longas metragem de animação, Andrew criou uma história que tem algumas ligações com Procurando Nemo, porém inventou todo um novo universo no qual Dory vivia antes de conhecer as personagens Marlin e Nemo. Conforme ela vai aos poucos relembrando desse universo, esse novo universo vai surgindo na história. Alguns momentos criados por Andrew e Strouse são até pesados para a maior parte do público ao qual o filme se destina: as crianças. Mas nada que possa afugentá-las da sessão.

Várias situações vividas por Dory em Procurando Nemo acabam tendo uma explicação em Procurando Dory. É interessante perceber que os dois roteiristas, com a ajuda de Bob Peterson, de O Bom Dinossauro (2016) e Angus MacLane, da animação para TV, Toy Story de Terror (2013), que também é co-diretor desse longa, explicaram vários comportamentos de Dory no longa de 2003. Todas essas explicações são amarradas no final de uma forma muito bonita.

A sensibilidade com a qual o compositor Thomas Newman (Ponte dos Espiões, 2015) realizou a trilha sonora ficou quase perfeita. O problema é que em algumas cenas, porém, a música as deixou com uma carga dramática pesada demais. O que já era pesado por causa da situação contada ficou ainda mais. Já edição de Axel Geddes, que também trabalhou em Toy Story de Terror, acertou a mão na montagem do longa que desenrola-se perfeitamente, sem sobras e sem faltas.

Procurando Dory não chega a ser uma continuação de Procurando Nemo, mas sim uma expansão desse universo. Apesar de ser claramente uma tentativa de lucrar mais ainda com o universo criado por Nemo, o longa de animação é muito bem feito, traz novidades e, inclusive, levanta temas importantes na formação das crianças. Um filme, realmente, para ser assistido por toda a família.

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