Críticas

Crítica 2 | Spotlight: Segredos Revelados

Atualmente, os inúmeros casos de padres católicos ao redor do mundo que teriam abusado de crianças são conhecidos. Mas esses casos vieram à tona por causa de um grupo de jornalistas determinados do jornal The Boston Globe, de Boston, capital do estado de Massachusetts, que em 2002, publicaram um especial no qual mostraram como os bispos da Igreja Católica transferiam os padres para outras comunidades quando eram acusados de abusos. Baseado-se nestes fatos que o filme Spotlight: Segredos Revelados foi produzido.

Em 2001, vindo da cidade de Miami, chega o novo editor, Martin Baron (Liev Schreiber, da série Ray Donovan), ao The Boston Globe. Em uma das suas primeiras reuniões de pauta – nas quais os jornalistas e editores conversam sobre quais matérias serão produzidas para a edição seguinte do jornal ou para as seguintes – ele se depara com a história de um padre que teria abusado de uma criança.

Martin conversa com o chefe da seção Spotlight, Walter “Robby” Robinson (Michael Keaton, de Birdman) e pede para o grupo deste aprofunde aquela história. Spotlight é um grupo de jornalistas especializados em investigação criado neste jornal de Boston no inicio dos anos 1970. Assim, Mike Rezendes (Mark Ruffalo, de Vingadores: Era de Ultron), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams, de Nocaute) e Matt Carroll (Brian d’Arcy James, de O Encontro) e Robby Robinson deixam de lado a investigação na qual estavam naquele momento e começam a se aprofundar no que se passa por trás dos altares e sacristias de uma cidade profundamente católica e ligada a Santa Igreja.

A história foi muito bem construída. Inicialmente, mostra um exemplo. Depois mostra como o interesse dos jornalistas do jornal é despertado e vai mostrando as consequências que as investigações vão desencadeado dentro e fora do jornal e entre a alta sociedade e pessoas importantes da cidade de Boston. Apesar do tema deste filme lembrar muito o longa de 1976, “Todos os Homens do Presidente”, com Dustin Hoffman e Robert Redford, é um lindo filme que mostra como quando o Jornalismo é bem feito, ele pode contribuir para ajudar milhões e milhões de pessoas.

A criação do roteiro de Spotlight: Segredos Revelados ficou a cargo de Tom McCarthy e Josh Singer. Tom é um ator que eventualmente também trabalha atrás das câmeras, tanto como diretor, quanto roteirista. Ele dirigiu, por exemplo, O Visitante (2007) e atuou em filmes como Jogo de Poder (2010). Uma feliz sacada da história é mostrar como a chegada de um novo elemento a um grupo faz com que coisas que pareciam ser normais ou até desimportantes podem esconder atrás de si uma grande história.

Spotlight: Segredos Revelados tem um pouco mais de duas horas de duração e Tom o dirigiu de forma impecável. Provavelmente ser o roteirista do filme o ajudou nisto. Ele o faz de forma que a tensão do filme não caia bruscamente quando é mostrado, por exemplo, a repercussão do trabalho dos jornalistas em suas casas com familiares e os sentimentos que foram brotando neles conforme trabalhavam neste caso.

As atuações de Michael Keaton, Rachel McAdams e Brian d’Arcy James estão muito boas. Eles se põem em cena com a disposição que os seus personagens pedem para fazer o trabalho necessário: garra e atenção. Michael Keaton parece que redescobriu o caminho para grandes filmes e acerta novamente ao fazer uma atuação precisa. Rachel também está segura em sua interpretação. Entretanto, Mark Ruffalo consegue superá-los. Você não consegue vê-lo em cena, apenas o jornalista determinado que interpreta. Mark pode ser um páreo duro nas premiações que estão para vir para melhor ator coadjuvante.

Para contar esta história cheia de passagens e que está revelando um segredo que muitos gostariam que continuasse assim, Tom McArdis, que já trabalhou com Tom McCarthy em O Visitante faz o trabalho de edição bom. Porém, em um determinado momento, a cenas poderiam ser um pouco mais extensas para deixarem que os espectadores tivessem mais tempo para entender o que estava se passando.

Spotlight: Segredos Revelados tem a fotografia realizada pelo japonês Masanobu Takayanagi. Velho conhecido de Hollywood, Masanobu trabalhou em Aliança do Crime (2015) e O Lado Bom da Vida (2013). Neste filme, ele realmente quis deixar a impressão de que há um holofote sobre os diversos personagens. Essa luz revela a apreensão, o medo, a angustia de se estar sendo trazido para a claridade algo que muitos até sabiam existir, mas não tinham coragem de assumir para si a sua existência.

Realmente, o filme desvela como um grupo de pessoas que é determinado percebe estar fazendo um trabalho cujo resultado ajudará milhões de pessoas a perceberem que não estão só. E para termina-lo, não deixaram que medos ou receios os atrapalhassem na busca deste nobre objetivo.

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