Críticas

Crítica | A Pele de Vênus

Até onde pode ir a adoração por uma mulher? E o que isto realmente significa na relação entre homens e mulheres? Qual gênero se submete ao outro? E que acontece quando um se submeter ao outro? Há uma verdadeira submissão? Os espectadores que assistirem A Pele de Vênus poderão sair da sessão do cinema com questões como estas na cabeça.

A atriz, Vanda (Emmanuelle Seigner, de O Escafandro e a Borboleta), chega muita atrasada à audição para a escolha da interprete da protagonista da peça A Pele de Vênus. No local, só estava – pronto para sair – o diretor Thomas (Mathieu Amalric, também do O Escafandro e a Borboleta). Ele também foi quem adaptou o livro do século XIX, do austríaco Leopold Sacher-Masoch, A Vênus das Peles, para os palcos. Ele explica que a audição já estava encerrada e que ela poderia voltar outro dia. Mas ela insiste e o convence a deixa-la fazer naquele dia mesmo. No palco, apenas Vanda e Thomas. Consequentemente, apenas eles aparecem na tela grande. Ao longo da audição, inicia-se um jogo de sedução entre a atriz e o diretor. Levando-os a uma discussão sobre feminismo, machismo, politicamente correto, beleza e transformação.

Este filme de 2013 é do diretor polonês Roman Polanski. Ele, com 82 recém-completados, ainda consegue realizar um filme pungente. Polanski é ágil e perspicaz em sua direção. Bailando com a câmera ao redor do casal de protagonistas e deixando claro o jogo no qual eles estão enfiados. Um jogo, diga-se, mais antigo até do que a ideia de filosofia da Antiguidade Clássica. Naquele mesmo ano, Polanski o exibiu no Festival de Cannes e saiu de lá com o prêmio César de melhor diretor por este longa.

Emmanuelle Seigner está maravilhosa e pode-se dizer que este filme é uma ótima homenagem a esta atriz. Emmanuelle é mulher de Roman Polanski há mais de 20 anos. Tanto ela quanto a personagem que interpreta são mulheres fortes e determinadas. Características evidenciadas muito bem por Emmanuelle em sua interpretação. E no mesmo nível de atuação está Mathieu Amalric. Ele se põe excelente em frente às câmeras e mostra perfeitamente as franquezas deste adaptador. Um ótimo exemplo de igualdade de gêneros.

Por ser praticamente uma peça de teatro filmada, a fotografia pode ser tornar um problema em um ambiente fechado. Por isso, o também polonês, Pawel Edelman, está de parabéns ao fazer com que as cenas tivessem o clima certo. Pawel trabalha constantemente com Polanski. Como nos longas Deus da Carnificina e O Escritor Fantasma. A aparência de peça de teatro filmada não é proposital. Esta produção é uma adaptação de uma peça de teatro. Esta é uma peça do dramaturgo norte-americano, David Ives, baseada no livro de Sacher-Masoch. David escreveu o roteiro do filme conjuntamente com o Roman Polanski. Provavelmente, até por esta razão o filme está muito redondo.

As cenas de passagem são bem embaladas pela trilha sonora realizada por Alexandre Desplat. Ele, um compositor francês, criou a trilha sonoro de filmes como Argo e O Discurso do Rei. Para quem quiser ter uma ideia sobre a sexualidade e as relações humanas, A Pele de Vênus é uma ótima opção para se assistir. Além de ser uma aula de como se fazer um filme.

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