Críticas

Crítica | A Travessia

Quando uma pessoa tem um sonho e este se transforma em desejo, até onde ela pode ir por ele? E o que ele pode trazer de bom ou de ruim para aquele ou aquela que o sonhou e para as pessoas que o ou a rodeiam? Para o francês Philippe Petit significou realizar a maior apresentação de equilibrismo já feita até hoje no mundo. Qual foi o sonho dele? Estender uma corda entre as torres norte e sul em construção do World Trade Center e andar de uma ponta a outra. Este é a história do filme A Travessia.

Sobre este incrível episódio já existe um ótimo filme de 2008 intitulado Man on Wire. Dirigido por James Marsh, ele ganhou o prêmio BAFTA de 2008 e o Oscar de 2009, ambos na categoria documentário. Mas nada como romancear uma história real e destacar partes importantes dela. Desta forma, pode-se deixar claro momentos importantes do que se esta contando.

Philippe Petit é interpretado dessa vez por Joseph Gordon-Levitt (Looper: Assassinos do Futuro). Ele está bem no papel deste francês que desafiava os pais, depois Papa Rudy, o equilibrista tcheco feito pelo grande ator Ben Kingsley (A Invenção de Hugo Cabret) e, por fim, as autoridades francesas para se apresentar nas ruas de Paris. Gordon-Levitt convence muito bem como este francês meio sonhador, meio arrogante. Um ótimo exemplo desta arrogância que o faz alcançar o que quer é como ele conquista sua namorada, Annie, uma musicista que também se apresentava pelas ruas. A atriz canadense Charlotte Le Bom nasceu em Montreal, Quebéc, no Canadá, a parte francesa daquele país. Charlotte se encaixou muito bem neste papel. Ela mostra bem como Annie apoiou Philippe a alcançar o seu sonho.

Os cúmplices iniciais de Philippe foram o fotógrafo Jean-Louis e o estudante de matemática Jean-François. Estes papéis foram feitos, respectivamente, pelos franceses Clément Sibony (O Turista) e César Domboy (série Os Borgias). Entre os dois, o destaque vai para César. Jean-François tinha um extremo medo de altura e César transparece isso perfeitamente. Ben Kingsley é o ator que sempre sabe o que fazer e de uma força que sempre ultrapassa a tela do cinema.

A direção do filme ficou a cargo de Robert Zemeckis. Robert é o diretor de filmes já clássicos do cinema mundial: trilogia De Volta Para o Futuro e O Náufrago. Portanto, ele sabe muito bem o que está fazendo neste filme. Experiência não lhe falta. O que pode lhe ter sido um desafio foi usar o 3D. Mas mesmo este aspecto tecnológico, ele conseguiu tirar de letra ao utilizá-lo. Então, assista-o neste formato porque compensa muito fazê-lo.

Robert escreveu o roteiro do filme que é baseado no livro do próprio Philippe Petit, “To Reach the Cloud”, de 2003, ainda sem tradução para o Brasil. Robert o fez em conjunto com Christopher Browne. Este é o primeiro roteiro de um longa que Christopher escreve. Robert e Christopher acabaram fazendo em seu roteiro uma linda homenagem ao World Trade Center e a cidade de Nova York. Eles souberam pinçar os momentos-chave da vida de Philippe para contar esta história e a montagem do filme realizada por Jeremiah O’Driscoll, também está perfeita para conta-la. Jeremiah fez a montagem de muitos filmes dirigidos por Robert, como O Voo e Contato.

Utilizando-se 3D, a fotografia sofre um desafio maior para acertar a luz, o ângulo e outros detalhes que podem desacreditar um filme. O diretor de fotografia polonês, Dariuz Wolski, sabe perfeitamente fazê-lo porque já tem experiência por ter feito isto em filmes como Êxodus: Deuses e Reis e Prometheus. O 3D se completa com os efeitos especiais que estão impecáveis e o principal efeito é exatamente a reprodução das Torres Gêmeas.

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