Acrimônia chega aos cinemas brasileiros pela Paris Filmes e tem a missão de fazer o sucesso que não obteve nos Estados Unidos. O thriller de duas horas conta a história de uma mulher que fica obcecada com seu ex-marido e de como esse sentimento a leva para atitudes extremas.
Tyler Perry é conhecido como um diretor que aborda temas raciais e dessa vez não é diferente, embora haja uma maior sutileza com o assunto. O longa se destaca por questões mais universais ainda que habite no âmbito da divisão racial estadunidense. Seu trabalho no longa é muito bom, mas acaba por pecar no final. Com ajuda de outros pontos específicos, os últimos minutos do longa acabam por deixar a impressão do filme ser de todo cafona.
Taraji P. Henson é de longe o grande destaque do filme. Apesar de outras atuações estarem em tom com o filme, como a de Ajiona Alexus, que interpreta Melinda mais jovem, Henson rouba a cena sempre que aparece. O filme começa com a atriz em um divã, e nessas situações são onde acontecem os melhores momentos do filme. Esse é o maior acerto, que acaba sendo desperdiçado, de certa forma, quando o passado da personagem de Henson se encontra com o presente.
Até então, o filme traz uma dubiedade sobre a história que está sendo contada. Algo que ao público brasileiro pode parecer análogo ao livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Infelizmente, quando a história começa a rolar por si só e foge da visão da personagem, a trama é conduzida quase que como nos dando uma resposta definitiva sobre o que realmente aconteceu, o que acaba diminuindo uma das discussões mais interessantes do filme em questão de roteiro.
O final do filme poderia ser mais impactante se não fosse a maneira como tudo acaba por acontecer. As ações realmente condizem com as personagens, ao mesmo tempo que em que o trágico é de fato o mais acertado a se escolher de acordo com o desenvolvimento da narrativa. A escolha de como isso tudo se dá, e principalmente no lugar em que se dá, é que acaba saindo completamente do clima do filme, que segue coeso e verossímil até seu desfecho.
Acrimônia é um filme para se ver e levantar alguns questionamentos de dependência e, para os fãs mais técnicos, se maravilha com a belíssima interpretação de Taraji P. Henson, que mostra mais uma vez que é uma atriz de excelente alcance, em um dos papéis que mais a exigiu até o momento. Infelizmente seu final impede que este seja ainda melhor e, por um pequeno descuido, acaba comprometendo a obra como um todo.