Críticas

Crítica | Alguém Como Eu

Existe algo de Se Eu Fosse Você (2006) em Alguém Como Eu, comédia romântica estrelada por Paolla Oliveira e Ricardo Pereira. No filme que estreia nesta quinta-feira (dia 23), uma publicitária bem sucedida encontra o amor quando este literalmente bate à sua porta. Helena (Paolla Oliveira) porém, passa a enfrentar uma série de problemas quando o seu relacionamento começa a dar sinais de desgaste e a protagonista faz um pedido a Deus clamando por um parceiro que fosse “mais parecido com ela” (daí o título do filme).

Como num passe de mágica, então o parceiro de Helena repentinamente se transforma em uma mulher em visões que somente a protagonista tem. Aliás, seu namorado, Alex (Ricardo Pereira) passa a ser um atraente espécime feminino aparentemente com muito mais afinidades com ela do que a versão masculina. Esta ideia de “personagens vivendo dentro de outros” também pôde ser conferida nas telonas no recente sucesso Loucas Para Casar (2015) onde personagens se alternavam no papel da protagonista da história. Tanto Se Eu Fosse Você quanto Loucas Para Casar conseguem entreter com competência propondo um jogo com essa ideia do “se eu fosse outra pessoa”.

Não é o caso de Alguém Como Eu. No decorrer da trama, o filme abandona seu mote sem dar maiores explicações sobre o motivo de Alex ter se transformado em mulher aos olhos de sua namorada. Seria realmente o pedido de Helena a Deus que teria transformado seu amado? Foram surtos psicóticos da protagonista já que todas as outras pessoas continuavam a ver Alex como homem e não como mulher?

Se não consegue se levar tão a sério Alguém Como Eu poderia até assumir uma postura mais cômica e apostar mais em piadas e situações que esta “troca de papel” de Alex causaria entre os personagens da história. Como o sexo lésbico da protagonista que passa a preferir a versão feminina do seu namorado ou explorando mais a divertida amiga da protagonista que passa a tachar sua amiga de maluca e é interpretada pela competente humorista Júlia Rabello. Também não é o caso: com poucas piadas, o filme não explora as possibilidades humorísticas que seu tema sugere tentando se assumir mais como romance do que como uma comédia.

A narração-personagem em primeira pessoa proposta através da protagonista é um dos pontos mais fracos do filme: a narração acaba explicando literalmente tudo o que consegue se ver na tela e não dá espaço para sugestões ou para que o espectador tire suas próprias conclusões. O lado positivo da trama são algumas sequências e externas ambientadas em Portugal o que dá um clima especial à comédia. Mas fica longe de ser suficiente. A ideia de troca de papeis já foi explorada recentemente pelo cinema nacional. E de forma muito mais bem explicada e divertida.

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