Crítica

Crítica: Apesar de terror batido, Hugh Grant é o grande trunfo de Herege

Novo filme de terror da A24 tem boas ideias, mas se perde ao tentar executá-las

Hugh Grant em Herege
Hugh Grant em Herege

Não é de hoje que grandes estúdios apostam em figuras totalmente opostas ao gênero de horror para estrelar seus filmes. Nicolas Cage, por exemplo, estrelou Longlegs – Vínculo Mortal após anos de carreira dedicados ao drama ou filmes de ação. No caso de Herege, novo filme de suspense da A24, o seu grande trunfo está em outro ator que também não é uma figura tradicional no gênero — o eterno protagonista de comédias românticas, Hugh Grant.

Dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, o suspense acompanha as Irmãs Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher), duas jovens missionárias mórmons que buscam atrair novos fiéis para sua congregação. Após um longo dia de tentativas, elas enfim chegam a casa do Sr. Reed (Hugh Grant), que se mostrou interessado pela religião da dupla e as convida para conversar mais sobre o assunto. Acontece que, a partir desse momento, a vida das jovens muda para sempre ao entrar num jogo de gato e rato que pode ter consequências assustadoras.

A trama te envolve assim que as protagonistas encontram o vilão pela primeira vez, afinal, você sabe que aquele homem sem escrúpulos pode criar artimanhas tão sádicas e desesperadoras que é impossível não esperar que algo aconteça. Porém, mesmo conquistando por sua originalidade, isso não quer dizer que a história foi trabalhada de uma forma com que isso se sobressaísse.

A partir do terceiro ato, há uma queda brusca entre o que foi apresentado nos primeiros minutos e o que era mostrado ao final da produção, com conclusões óbvias, questionáveis e que se perdem nos próprios desenrolares da trama. O tema sobre a religião, que é o grande ponto de partida do filme, se perde quando começa a ser questionado e é resolvido de uma forma tão simples que chega a perder o fôlego que conquistou ao longo de 1h50 de duração.

Hugh Grant é o ponto alto do filme

Uma coisa que não se pode negar é o carisma de Hugh Grant na frente das telas e como ele consegue absorver tudo e todos em cena quando se diverte fazendo o que mais gosta. Se em filmes de comédia romântica ele conquista o público com seu jeito vulnerável, é em filmes que exigem um pouco de loucura que ele se destaca.

A facilidade com que o ator interpreta vilões é ainda mais fantástica, pois até podem parecer algo mais complexo para ele, mas é como se cada personagem caísse como uma luva. Grant usa e abusa dos artifícios ao seu redor para criar maneirismos, e apostar no cinismo intangível que o eleva talvez à uma das melhores atuações do terror e suspense deste ano.

Apesar de alguns problemas com sua execução, Herege entrega situações interessantes e que fazem com que você se questione com o que acabou de ver. São nessas nuances de sanidade e loucura que o filme acaba dando o seu melhor, e teria sido muito mais satisfatório caso apostasse mais no caos do que no horror que precisa se apoiar em seu vilão carismático.

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