Vampiros

Crítica – As Passageiras

Terror/suspense da Netflix falha em exercer funções de gênero, mas atrai pelas performances

Quantos filmes ou séries conhece onde encontramos a situação de uma personagem que vivia mais um dia tranquilamente, até dar de frente com algo inesperado, que geralmente muda a vida dela para sempre?

Centenas, não?!

Então, podem adicionar o mais recente terror/suspense da Netflix a essa lista, já que As Passageiras pretende passear pela noite de Los Angeles em uma viagem, aparentemente, só de ida.

Dirigido por Adam Randall, acompanhamos Benny (Jorge Lendeborg Jr.), estudante universitário peculiar que para ganhar algum dinheiro extra, trabalha como motorista por uma noite. Sua tarefa: conduzir duas misteriosas jovens (Debby Ryan e Lucy Fry) por Los Angeles para uma noite de festa. Capturado pelo charme de suas clientes, ele logo descobre que suas passageiras têm seus próprios planos para ele – e uma sede insaciável de sangue. Enquanto sua noite sai do controle, Benny é lançado no meio de uma guerra clandestina que coloca tribos de vampiros rivais contra os protetores do mundo humano, liderados por seu irmão Jay (Raúl Castillo), que não vai parar por nada para mandá-los de volta às sombras. Com o nascer do sol se aproximando rapidamente, Benny é forçado a escolher entre o medo e a tentação, se quiser permanecer vivo e salvar a Cidade dos Anjos.

Fora de perigo

Pela sinopse, temos a impressão que a trama de As Passageiras será um trajeto cheio de desafios, além de todo tipo de imprevistos, certo?

Eis o problema! Desde o começo algo ficará muito claro nesta história sobre humanos e vampiros, algo que afetará todos os acontecimentos que testemunharemos pela madrugada. Essa previsibilidade corrói um tanto nossa boa vontade com a obra, que segue o fluxo imaginado, tirando todo o perigo e sensação de urgência que uma trama como essa deveria apresentar ao assinante da plataforma.

Não se trabalha o mistério, medo, chance de uma surpresa no final, nada! Tudo o que temos é o desenrolar das situações que nos aproximam de uma resolução pré-estabelecida por quem assiste, desde o momento em que o ingênuo Benny abre a porta do carro para as duas beldades que o encantaram.

Uma pena, pois no enredo existiam possibilidades e cenários para se desenvolver uma história de deixar o assinante Netflix roendo unhas. Temos clãs de vampiros rivais, caçadores vigilantes, gangues latinas tentando proteger o bairro destes monstros sugadores de sangue, tudo isso em uma metrópole conhecida por revelar levantes subversivos de todo tipo.

As Passageiras é como o longa-metragem Colateral (2004), estrelado pela dupla Tom Cruise e Jamie Foxx. Isso claro, se a obra do formidável Michael Mann fosse algo sem qualquer propulsão narrativa.

Rolou uma química

Natural que perguntem se existe pelo menos um bom motivo para assistir As Passageiras, que já está disponível no catálogo da Netflix. Sim, há.

Se o roteiro não oferece nada além do esperado, ao menos temos um elenco que parece se importar com a história sendo contada, portanto é bem possível encontrar um pouco de bom entretenimento nessa produção que só mira preencher a coluna de obras vampirescas.

O grande destaque vai para a simbiose entre os atores Jorge Lendeborg Jr. e Debby Ryan, que mesmo nos momentos asquerosos, conseguem com uma boa dose de carisma, prender a atenção do assinante da plataforma.

Ela usa um dos recursos vampirescos mais adorados, no caso, o flerte, a sensualidade. Ele, que é uma figura ligeiramente ingênua, mas que possui uma sede por poder algo mais, além do que o próprio destino reserva. Convenhamos, uma união de elementos que harmoniza facilmente.

Muito interessante também é perceber a inversão dos gêneros nessa situação, de modo que ele é a “vítima” indefesa, enquanto ela toma as rédeas, conduzindo a relação.

Infelizmente, As Passageiras poderia fazer muito mais pelo assinante Netflix. Se for do tipo que consegue se conformar com um pouquinho de sangue e um tanto de sensualidade, esta produção é para você.

No caso de necessitar algo mais substancioso, existem outras obras do estilo, mais capazes de saciar seus desejos mais sedentos.

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