Críticas

Crítica | Caçadores de Emoção: Além do Limite

Para variar, mais um remake e nada de corajosas apostas em Hollywood. Baseado no cult pop da década de 90, que colocava Kathryn Bigelow e um certo Keanu Reeves rumo ao estrelado, este novo Caçadores de Emoção é um misto de canal Off, propaganda da Red Bull e filme de ação.

Claramente destinado ao público envolvido com esportes radicais, trazendo até algumas participações de atletas famosos como o brasileiro Bob Burnquist, Caçadores de Emoção: Além do Limite conta a história de Utah, um ex-atleta que, após a morte de seu melhor amigo, desiste dos esportes radicais e entra para o FBI. Em fase de experiência, o jovem vê a oportunidade de mostrar seu valor ao descobrir a conexão entre diversos assaltos mirabolantes, onde os criminosos utilizam suas habilidades no salto de paraquedas, moto cross, escalada entre outros. Com isso, Utah tenta se infiltrar no mundo desses homens que vivem no limite do perigo.

No longa, a motivação dos crimes dessa gangue vai muito além do consumo próprio, mas serve como uma retribuição ao que a natureza lhes dá. Assim aquele grupo prega uma conexão natural para qualquer ato que eles pratiquem, um tipo de filosofia de vida que logo seduz Utah, que deixa o herói em dúvida sobre qual missão deverá realmente seguir. O problema é que parece que não é só o protagonista que fica em cima do muro, Caçadores de Emoção trata a missão de Utah para o FBI como a ação que trará redenção ao herói. No entanto, as aventuras e motivações daquele grupo de destemidos é muito mais interessante e verdadeiras, parece que os realizadores do longa ficam fascinados com aquele universo cheio de desafios. Dessa forma, Caçadores de Emoção parece lutar contra os próprios personagens mais marcantes, de uma hora para outra o filme inteiro deseja que o espectador torça contra aqueles antagonistas, mas que estes possuem muito mais empatia que o próprio Utah.

Perdido na sua própria tentativa de criar uma narrativa policial mais interessante, visualmente, Caçadores de Emoção tenta através do 3D e dos seus grandes planos abertos colocar o espectador dentro da adrenalina dos esportes radicais praticados no filme. Mas é triste perceber que, até nesse momento, o filme consegue escorregar. Todos os planos mais próximos durante essas longuíssimas cenas de ações é visivelmente fruto dos incontáveis recursos tecnológicos. Aquele espaço natural e que ganharia força e poder pela magnitude da natureza soa artificial, e essa é a melhor definição dessa versão de Caçadores de Emoção, um filme que não consegue atingir as emoções de suas aventuras e desafios.

E é incrível notar que tem uma sequência interessante, onde Utah e outra personagem, a bela Samsara, seduzem-se num mergulho noturno e a fotografia submersa filma os lindos corpos tatuados de ambos como se fosse um balé subaquático iluminados pela luz azul do oceano, uma prova que certas vezes um acerto é mera causalidade. Ao longo do filme o diretor Ericson Core não consegue empregar tamanha sensibilidade visual nas suas sequências de ação, perdendo grandes oportunidades de explorar o possível potencial de seu filme.

Caçadores de Emoção é um filme que não consegue atingir nenhum de seus objetivos, talvez alguns filmes feitos com uma Go-Pro acoplada numa prancha, que podem facilmente ser achados no YouTube, sejam muito mais interessantes para os fãs de esportes radicais que este longa. Mais um remake que afunda.

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