Críticas

Crítica | Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina

Em 2012, o SBT preparava o remake da novela mexicana Carrossel, que logo se tornou sucesso, indo com altos índices de audiência até o ano seguinte; já em 2015 a turminha fez sua estreia no cinema com Carrossel – O Filme, que se tornou uma das maiores bilheterias do cinema nacional, e agora a sequência cinematográfica está prestes a voltar às telonas e o sucesso parece garantido.

Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina retoma tramas e personagens, utilizando a familiaridade e intimidade do público com os personagens para apenas pontuar os novos momentos de cada um deles, trazendo, também, a volta da professora Helena, ausente em Carrossel – O Filme, e os vilões Gonzáles (Paulo Miklos) e Gonzalito (Oscar Filho). Carrossel 2 ainda insere a personagem de Miá Mello, uma cantora de sucesso que pretende participar de um show com a famosa banda da escola Mundial. No entanto, os planos são interrompidos, uma vez que os antagonistas raptam Maria Joaquina e a condição para que eles libertem a garota são com as crianças passando por diversas provas.

Assim, a narrativa de Carrossel 2 é centrada nesses diversos desafios que os garotos precisam fazer, seguindo uma série de pistas dada por Gonzáles para que os jovens cheguem às respectivas provas. Com isso, o filme tem a todo o momento essa atmosfera de caça ao tesouro, e se no primeiro longa a trama se passava num fictício acampamento, aqui a aventura se desenrola pelas ruas de São Paulo, aproveitando até certo ponto seu pontos urbanos marcantes, fazendo dos ocorridos mais realistas mesmo que sejam absurdos.

E talvez aceitar seu próprio absurdo e sua canastrice seja seu maior mérito; não levar a sério os acontecimentos de Carrossel 2 é aceitar um divertimento infantilizado, com seus personagens exagerados, provas ilógicas e saídas narrativas totalmente inverossímeis e até os risos involuntários ajudam o filme nesse sentido. Assim, os desafios da turma de Carrossel operam nessa lógica, trazendo alguns personagens reais para o mundo extremamente fictício como o jogador de futsal Falcão, e o chefe de cozinha e apresentador de televisão Carlos Bertolazzi, que faz com as crianças uma espécie de Hell’s Kitchen, programa que comanda no SBT.

Para este último vale uma observação especial, uma vez que o chefe encarna o mesmo papel que faz em seus realitys culinários, representando o chefe mal encarado que transforma a cozinha em um inferno para os principiantes, essa ponta é o auge dessa canastrice, evidenciando que aquela sequência, em termos de construção ficcional, não perde em nada para os programas baseados na realidade que prendem o público, o que torna o gosto por essa sequência de Carrossel nada questionável. Carrossel 2 é kitsch da primeira grandeza (se isso é possível de alguma maneira).

Além de suas próprias limitações, Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina ainda precisa contornar problemas de ordens físicas e biológicas; é impossível que os personagens de Carrossel se mantivessem iguais desde 2012, mesmo que os produtores adorassem tal feito, já que alguns atores cresceram, estão com as vozes mudadas. O filme, no seu sentimento de sempre rir de si mesmo, faz piada com esse fato também e até tenta evidenciar que aquelas figuras já não são mais crianças, inserindo alguns temas mais juvenis, que se materializa apenas nos casos românticos da turma, nada mais. A alusão à juventude é só a respeito do físico dos atores e de suas paixonites, não colocando temas que remetem à pré-adolescência, assim é um filme que em nenhum momento pretende ser juvenil, sendo extremamente infantil atuado por um elenco adolescente. A pergunta em questão é se o público de Carrossel também não cresceu, logo, merecendo uma obra menos imatura que se comunique com seus fãs mais velhos.

Assim, Carrossel 2 se limita apenas a repetir sua fórmula certa de sucesso e que provavelmente deve funcionar, já que é o único exemplar nacional na TV e no cinema destinado ao público mais infantil. Dessa forma, O Sumiço de Maria Joaquina é um filme que busca não se complicar, com um roteiro frágil e verborrágico, o filme sai de sua zona de conforto para entrar na área de subestimar seu espectador, mesmo com um público infantil o longa podia ser muito menos explicativo e confiar que seu espectador entenderá toda sua trama, que não é difícil, apenas por suas imagens sem a necessidade de sempre haver um diálogo que exemplifique o que ocorre.

Com sua simplicidade narrativa, o diretor Maurício Eça investe numa estética palatável, que mistura a simplicidade televisiva com as saturações publicitárias, realizando um filme um filme pouco inventivo em sua forma, mas extremamente exagerado em seu visual. Carrossel 2 leva a crer que funcionaria muito melhor como um especial para televisão do que como cinema, as suas simplicidade narrativa e seu visual pareceria rebuscado para os televisores, o que brindaria ainda mais sua diversão mesmo que absurda.

No entanto, na tela grande das salas cinematográficas, Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina se apequena, se tornando um filme bem raso que deve agradar apenas os pequenos fãs da novela, da série e entre tantos outros produtos com o selo Carrossel.

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