Depois de se tornar a primeira mulher a vencer um Oscar de Melhor Direção com Guerra ao Terror (2008) e dirigir o aclamado A Hora Mais Escura (2012), Kathryn Bigelow volta aos cinemas em 2017 com Detroit em Rebelião, um filme que aborda a violência policial contra a população negra de Detroit, especialmente em um brutal episódio acontecido na segunda metade da década de 1960, mas que na verdade representa um problema bem maior.
No ano de 1967, mais especificamente na noite de 25 de julho, alguns policiais entraram no Motel Algiers em busca de uma arma. Usando de extrema violência contra as pessoas que estavam ali, os policiais assassinaram três homens negros e espancaram mais nove pessoas presentes no local, sendo sete homens negros e duas garotas brancas.
Desde o início do filme, com uma animação que explica de maneira bastante efetiva o motivo das rebeliões que ocorriam naquele bairro, e mostrando mais uma vez o quão magistralmente Bigelow é capaz de construir tensão em seus filmes – contudo, também evidenciando os problemas que suas obras apresentam na construção de drama, Detroit em Rebelião acaba tendo um problema sério de ritmo, mas que não prejudica tanto o filme pois o foco principal é sua poderosa mensagem sobre a extrema violência policial contra a população negra nesse tenebroso acontecimento da história estadunidense.
O trabalho de Barry Ackroyd na direção de fotografia, com o uso da câmera na mão durante a maior parte do filme, é bastante efetivo, também, pois nos coloca sempre como paralisados observadores diante de acontecimentos tão terríveis. A maneira como Bigelow consegue construir a tensão tanto em ambientes externos como em locações menores, principalmente na parte do Motel Algiers, criam um clima angustiante ao retratar tamanha violência.
Apesar de seus problemas de ritmo e de parecer se alongar mais do que o necessário, especificamente na última parte do filme que se passa em um tribunal, Detroit em Rebelião é um filme que se faz necessário nesse período da história estadunidense e que não poupa o espectador de presenciar a descomunal violência sofrida pela população negra nesse horrível acontecimento em Detroit que representa inúmeros outros acontecimentos semelhantes que ocorreram e ainda ocorrem nos E.U.A..