El Mate, o primeiro longa-metragem de Bruno Kott, que estrela e assina o roteiro do filme com Fabio Marcoff, participou da mostra competitiva do 44º Festival de Cinema de Gramado onde levou o Kikito de Melhor Ator Coadjuvante para Bruno Kott.
Com uma trama que ocorre inteiramente em uma casa/galpão onde Armando (Fabio Marcoff), um assassino de aluguel, mantém refém um homem russo à espera de seus contratantes, a história começa a fugir do controle quando Fábio (Bruno Kott), um missionário, bate em sua porta no início da noite e acaba dentro da casa com o assassino.
Nessa comédia de erros com alguns toques existenciais e pitadas de suspense, vemos influências claras de Quentin Tarantino e de filmes dos irmãos Coen. Os protagonistas veem a situação escapar completamente de seu controle quando visitas começam a aparecer e alguns desfechos trágicos das interações com esses visitantes parecem colocar tudo a perder.
Tendo alguns bons momentos cômicos e algumas propositais incongruências temporais, El Mate acaba se arrastando em alguns momentos, como por exemplo quando um funcionário público chega para fazer uma medição na casa de Armando no meio da madrugada ou em um diálogo sobre o filme JCVD (2008), longa estrelado por Jean-Claude Van Damme em uma versão semi-ficcionalizada de si mesmo onde ele reflete sobre sua vida durante um assalto.
Por mais que essas cenas façam com que entendamos os protagonistas e colaborem com seus respectivos arcos dramáticos (o missionário que vai revelando ter uma moral dúbia e o assassino que se mostra menos agressivo do que o esperado), por outro lado elas fazem com que o filme perca seu ritmo e, também, evidenciam a simplicidade imagética que chega, em algumas ocasiões, a atrapalhar sua proposta.
Mesmo com as boas performances de Fabio Marcoff e Bruno Kott e arrancando algumas boas risadas da plateia, El Mate é um filme com uma proposta bastante interessante, mas que acaba tendo mais falhas do que acertos na sua execução.