Vive la France!

Crítica: Emily em Paris – 2ª Temporada

Comédia dramática romântica da Netflix se repete com ficção de fantasias sobre amor, trabalho, moda e muito champagne

Chega a surpreender diante a recepção do público logo que lançaram a primeira temporada de Emily em Paris ainda no final de 2020, que estamos nos últimos minutos de 2021 comentando sobre a segunda parte desta rom-com dramática original da Netflix.

Na mesma semana do lançamento, Emily em Paris alcançou a lista dos dez programas de streaming mais assistidos em vários países por todo o globo. A Netflix revelou que a série foi assistida por 58 milhões de lares no mês seguinte à sua estreia! A série permaneceu na lista dos dez primeiros do Reino Unido por 40 dias consecutivos após seu lançamento!

Resumindo: sucesso!

Mas, nem tudo foi um mar de rosas francesas…

Apesar da quantidade exorbitante de pessoas conferindo as aventuras da simpática Emily pelas ruas parisienses, observamos que o material não foi tão bem recebido após o fim da primeira parte, tanto pela crítica especializada quanto pelos assinantes da plataforma de streaming Netflix.

Juntando-se a isso tem a polêmica com a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), que indicou Emily em Paris em duas categorias na mais recente edição dos prêmios Globo de Ouro. Porém, antes da cerimônia, foi relatado que trinta membros do corpo de votação haviam voado para Paris, onde passaram duas noites na Península de Paris e foram tratados com um almoço privado no Musée des Arts Forains, com a conta supostamente paga pela empresa que desenvolveu a série. Isso levou alguns críticos a questionarem a imparcialidade do corpo de votação, já que Emily em Paris foi considerado um fracasso, e sua nomeação foi uma grande surpresa para todos.

Aparentemente isto não afetou os produtores da série que seguiram em frente, e agora, disponibilizam pela Netflix uma nova temporada da série de comédia romântica. Emily em Paris segue Emily (Lily Collins), uma americana de 20 e poucos anos, natural de Chicago, que se muda para Paris devido uma oportunidade de trabalho inesperada. Ela tem a tarefa de apresentar um ponto de vista americano a uma venerável empresa de marketing francesa. As culturas se chocam enquanto ela se ajusta aos desafios da vida em Paris, enquanto faz malabarismos com sua carreira, novas amizades e a complicada vida amorosa.

Estratégias de marketing

É fácil perceber o porquê de Emily em Paris não ter recebido tantos elogios, seja de quem for…

Embora a protagonista carismática, vivida pela charmosa Lily Collins, assim como também uma considerável parte do elenco que acrescenta valores interessantes à narrativa, fica difícil não notar a superficialidade das situações em cena.

Pode estar se questionando qual a razão deste texto ser tão mais rigoroso com esta série da Netflix, em comparação com outras produções do mesmo gênero. Bom, a resposta é bem simples: Emily em Paris não é uma narrativa, mas marketing trajado como narrativa.

A série faz exatamente o “trabalho” diário de sua protagonista, ou seja, tentar vender um produto, um estilo de vida, um sonho, que inclui romances com personagens que parecem modelos de passarela, mas trabalham como chef de cozinha ou no banco; um emprego que você entra e sai o horário que quer, onde pouco ou quase nada vemos da protagonista sentada em frente ao laptop, elaborando alguma planilha ou qualquer outra coisa relacionada ao trabalho de escritório; além de muito luxo com roupas de marca chiques, que ornam perfeitamente com belas e cristalinas taças de champagne à luz do luar da noite parisiense.

Emily em Paris está mais preocupada em oferecer uma fantasia inalcançável para a gigantesca (!) maioria de seu público, do que realmente contar uma história de uma jovem garota americana cheia de ambições pessoais vivendo em um país que não costuma receber estrangeiros (turistas ricos à parte) com tanto carinho assim.

Draminhas superficiais

Não precisa fazer muita força para perceber que Emily em Paris da Netflix se encaixa perfeitamente com o momento atual, onde influenciadores digitais foram elevados ao patamar de novas celebridades nacionais ou até mesmo, mundiais.

Apesar da presença da também muito carismática Mindy, papel da atriz Ashley Park, é mais do que perceptível que a grande companhia de Emily é o seu moderno e luxuoso celular.

Sim, temos mais alguns romances e uns bafafás nessa temporada que costumam cativar ainda mais o público que aprecia produções deste tipo, porém, sem nenhuma intensidade, real conflito ou qualquer outra coisa que pareça humano. No lugar, temos reações e relações morninhas que combinam mais com o “… e viveram felizes para sempre” do que com a realidade das coisas.

No fim, Emily em Paris nada mais é do que uma versão ficcional roteirizada do programa de variedades apresentado por Amaury Jr., onde cobre a vida dos famosos, ricos, fashionistas e toda aquela gente chique que provavelmente nunca viu na vida.

Da mesma maneira como foi aconselhado anteriormente assistirem à dobradinha dos filmes Esqueceram de Mim (estrelados por Macaulay Culkin) pela 273ª vez durante as festas de fim de ano, principalmente com tantas produções natalinas insossas rondando pelos streamings. Fica a dica para fazerem o mesmo em relação à Emily em Paris. Se quiserem ver uma produção sobre moda, luxo, gente linda e famosa, além de alguns lances amorosos, revejam O Diabo Veste Prada (2006) pela 192ª vez!

Já que o filme estrelado por Meryl Streep, Anne Hathaway, Stanley Tucci e Emily Blunt fala sobre o mesmo mundo da série da Netflix, com duas grandes diferenças: tem real valor emocional e uma história para contar.

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