Coming-of-age

Crítica: Eu Nunca – 2ª Temporada

Série teen da Netflix criada por Mindy Kaling explode em criatividade, energia e empatia

Para uma maior porção, quando se pronuncia o nome Mindy Kaling, provavelmente, vem logo a mente The Office (2005 – 2013), uma das séries de humor mais populares e bem sucedidas deste século.

Convenhamos, a lista de joias preciosas que vieram de lá, e continuam trilhando caminhos memoráveis é significativa:

Steve Carell, que fazia o protagonista Michael Scott, é um dos maiores atores na atual Hollywood; John Krasinski passou da frente para aquela cadeirinha especial que fica atrás das câmeras, e dirigiu obras impactantes como o terror Um Lugar Silencioso (2018), por exemplo; Ed Helms é um dos protagonistas do trio de Se Beber, Não Case! (2009), uma das comédias mais brilhantes da história recente do cinema; Craig Robinson não para de acumular trabalhos, seja para televisão ou cinema, sendo parte de produções muito elogiadas, como Meu Nome é Dolemite (2019); e Ellie Kemper estrelou a série Unbreakable Kimmy Schmidt (2015 – 2019), uma produção original da Netflix, que concorreu a muitos prêmios nos sindicatos da indústria americana.

Mindy Kaling é outro nome que se junta a esse grupo de artistas que vêm triunfando de alguma forma nos últimos tempos. A jovem atriz de 42 anos de idade, além de atuar, é comediante, roteirista, produtora e diretora. Ela escreveu mais de vinte episódios para The Office; também chegou a dirigir dois destes.

Entre 2012 – 2017, Kaling criou sua própria série, The Mindy Project, que chegou a levar alguns prêmios ao longo dos seis anos que ficou no ar. Mais recentemente, produziu, escreveu e estrelou, a comédia dramática Talk-Show: Reinventando a Comédia (2019), que também chamou a atenção da crítica especializada.

E, para os(as) mais curiosos(as) de plantão, saibam que ela já tem engatilhado um novo projeto assando no forno, uma dramédia teen para a HBO Max chamada The Sex Lives of College Girls, que deve ficar disponível para os assinantes dessa plataforma no final deste ano ainda.

Existe a possibilidade do(a) leitor(a) estar se perguntando a razão desta redação estar compartilhando parte considerável do currículo de Mindy Kaling na última década em Hollywood. Por dois motivos:

Número um, para que tenham conhecimento que sucesso, exceto em raríssimos casos, se constrói. Nada vem de graça, ou cai do céu, ainda mais para uma profissional como Kaling, uma mulher de origem indiana.

Número dois, para afirmar que a série teen Eu Nunca, produção original da Netflix criada pela própria, é uma revelação. Um material que consegue abraçar variadas ideias e pessoas, enquanto diverte, ensina, emociona, e em especial, que fará o assinante da plataforma streaming rir bastante em situações que afetam os mais jovens, sem perder a ternura e com maior empatia.

Na segunda temporada de Eu Nunca da Netflix , uma adolescente indiana chamada Devi (Maitreyi Ramakrishnan) continua a lidar com as pressões cotidianas do colégio e do drama em casa, enquanto navega por novos relacionamentos românticos.

Uma linguagem jovem

Enquanto está assistindo qualquer um dos dez episódios da atual temporada, sente-se uma vibração similar àquela percebida em Juno (2007) de Jason Reitman. Para quem não se lembra, este filme vencedor do Oscar na categoria Melhor Roteiro Original, revelou a talentosíssima Diablo Cody (Ricki and the Flash: De Volta pra Casa; Tully) para o mundo.

A renomada roteirista exibiu uma linguagem singular na fala de suas personagens, além de muita maturidade ao abordar um tabu muito comum em nossa sociedade que é a gravidez na adolescência. Eu Nunca não possui uma temática na mesma linha (ainda), porém, ambas partilham do mesmo conceito de apresentar uma linguagem específica para cada uma de suas personagens, sem desconectar a universalidade das emoções sentidas, sejam das mais angustiantes, de alívio, ou energicamente esfuziantes.

Resumindo: existe calor palpável quando qualquer uma das personagens desenvolvidas por Mindy Kaling, ao lado da também criadora Lang Fisher, resolve abrir a boca.

Outro ponto vem pela qualidade humorística na escrita desta produção Netflix. É sabido que a multitalentosa mandachuva desta série, já construiu uma carreira consolidada escrevendo e praticando humor, ainda assim, surpreende o quanto isso é efetivo em Eu Nunca, o que acaba por ajudar diretamente nos momentos mais dramáticos nesta temporada.

Maitreyi Ramakrishnan

A estrela principal desta produção foi a selecionada entre mais de 15.000 garotas, e definitivamente, foi uma decisão mais que acertada em escalá-la para interpretar a passional e tempestuosa Devi, assim como acertaram em cheio no alvo ao escolher o ator Elliot Page para fazer o papel da grávida Juno.

Nem é necessário bater naquela tecla que diz que de nada adianta ter um bom texto, se não souber como transmitir isso em cena entre atores, e consequentemente, para os assinantes da plataforma Netflix.

A habilidosa Maitreyi Ramakrishnan não deixa a peteca cair nem uma única vez nesta segunda temporada de Eu Nunca, a jovem atriz conseguiu cobrir todas as pontas com muita naturalidade e carisma. Além de nos fazer gargalhar em algumas situações!

Conclusão

São muitos os acertos do time por de trás desta produção original Netflix. Realmente, muitos acertos!

Dos menores detalhes, até os elementos essenciais para fazer desta narrativa teen, algo que abrace e convença o espectador de que aquilo sendo assistido, mesmo que elevado a uma potência mais cômica, pareça algo orgânico, real. Obviamente que, ao cumprir tal missão, isso favorece alguns momentos de maior comoção que ocorrem nos episódios derradeiros desta segunda parte.

Este é o segredo para que uma boa comédia dramática funcione: perceber que ambos os valores narrativos contrapostos são somatórios, e não alternados entre si.

Deste modo, pode-se afirmar que a voz do narrador interpretado pelo ex-bad boy do tênis John McEnroe, que fala como se fosse uma adolescente à beira de um ataque de nervos, auxilia nas ansiedades de uma moça que ainda não conseguiu aceitar o fato de que seu pai se foi, e que a vida daqui em diante, será mais difícil em alguns aspectos.

Nem tantos compreendem, mas parece muito prático para a mente e emocional de Mindy Kaling, que para nossa sorte, continua surpreendendo.

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