Críticas

Crítica | Hotel Transilvânia 2

Assim como nos filmes em live action, as sequências de desenhos animados muitas vezes vêm com a responsabilidade de serem, no mínimo, tão boas quanto as originais. Um exemplo é Bambi 2 – O Grande Príncipe da Floresta (2006) que tinha a responsabilidade de ser a continuação, nada mais nada menos, do clássico Bambi (1942). As primeiras impressões foram pouco lisonjeiras para a sequência, mas, visto hoje, pode-se constatar que, ainda que perdendo para o original, o resultado foi até melhor que o esperado. Algo semelhante ocorre na sequência do sucesso Hotel Transilvânia (2012), que se chama, justamente, de Hotel Transilvânia 2.

Drácula (Adam Sandler, de O Paizão), finalmente decidiu aceitar a hospedagem de humanos no Hotel Transilvânia e confiou a direção do estabelecimento ao seu genro, Jonathan (Andy Samberg, Este é o Meu Garoto), casado com sua filha Mavis (Selena Gomez, Tudo Para Ficar Com Ela), sendo que alguns de seus amigos, como o lobisomem Wayne (Steve Buscemi, Fuga de Los Angeles), trabalham lá. um dia, recebe a grande notícia: Mavis está grávida e ele será avô.

Após o nascimento do filho de Mavis e Jonathan, Dennis (Asher Blinkoff, A Nova Onda do Kronk), Drácula quer que todos vivam no hotel, pois está certo que seu neto será um vampiro. Porém, Mavis quer se mudar para a Califórnia, terra natal de Jonathan, pois ela acha que será melhor para o filho. Enquanto Mavis e Jonathan vão para a Califórnia, Drácula, com a ajuda de Wayne, Frankenstein (Kevin James, Eu os Declaro Marido e… Larry), a múmia Murray (Keegan-Michael Kay, de Tomorrowland – Onde Nada é Impossível, e que substitui o dublador original, o cantor Cee Lo Green) e o homem invisível, Griffin (David Spade, Gente Grande), tentam transformar Dennis em vampiro. Entretanto, o pai de Drácula, Vlad (Mel Brooks, Alta Ansiedade), descobre que tem um bisneto e faz questão de conhecê-lo, para desespero do avô de Dennis.

O diretor e animador russo Geendy Tartakovsky vem de vários bons trabalhos como os desenhos O Laboratório de Dexter, Samurai Jack e Star Wars: Guerras Clônicas, tendo ganho o prêmio Emmy por estes dois últimos. Assim como no filme anterior, sua direção neste está boa tanto nas cenas de ação como nas de humor, com piadas que fazem rir tanto crianças como adultos. A trilha sonora de Mark Mothersbaugh (da banda Tecno-Pop Devo) encaixa-se bem nas cenas.

Já o roteiro – escrito a quatro mãos por Adam Sandler e Robert Smigel (do programa de TV Saturday Night Live) – tropeça várias vezes ao longo do filme. Uma das grandes sacadas do filme anterior era mostrar os monstros agindo como qualquer turista humano como, por exemplo, o lobisomem Wayne que se hospeda no hotel com sua esposa, Wanda (Molly Shannon, Todo Mundo em Pânico 5), que está sempre grávida, e a filharada bagunceira. Já neste, quase não se vê o hotel, as cenas passam-se quase todas fora dele, como no acampamento para pequenos vampiros, uma das partes mais engraçadas do filme.

Outro problema foi a diminuição de importância de alguns personagens como, por exemplo, Jonathan. No primeiro filme, ele era uma peça indispensável na trama, responsável por grande parte do humor. Aqui, ele é um mero coadjuvante, que não tem nem a metade da graça de antes. Desse mesmo mal padece Mavis. De adolescente sonhadora, ela passou a mãe superprotetora, em uma transição que não foi muito bem feita.

Outra personagem do filme anterior que era uma coadjuvante que aparecia pouco, mas com presença marcante, é Eunice (Fran Drescher, da série de TV The Nanny), a engraçadíssima esposa perua (uma especialidade da atriz) de Frank. Aqui, ela mal abre boca. Mesmo Wayne, Frank, Murray e Griffin, os melhores amigos de Drácula, tiveram sua participação diminuída.

Alguns desses tropeços são compensados por Dennis. Ele realmente é muito engraçadinho e muito fofinho (é mais cabeludo que o próprio pai), encantando tanto ao público como ao seu avô-coruja. O vampiro Vlad é outro que aparece pouco, mas deixa a sua marca de bom humor no melhor estilo do bom e velho Mel Brooks.

Apesar de tudo, Hotel Transilvânia 2 supera as expectativas e mostra ser uma boa sequência do filme original, que vai agradar as crianças e os adultos de todas as idades. Com a família aumentada, nada impede a realização de um Hotel Transilvânia 3, vista a popularidade desta franquia. Entretanto, é bom que a produção aprenda com os tropeços deste filme para não repeti-los em uma possível continuação.

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