Críticas

Crítica | Indignação

Primeiro longa-metragem de James Schamus, Indignação é um drama americano baseado no romance de Philip Roth, que busca abordar a vida de um recém universitário nos EUA dos anos 50. Um filme que, através da sensibilidade, se propõe desde o início a discutir diversas temáticas que estavam emergindo naquela época.

Marcus Messner, interpretado por Logan Lerman, é o personagem principal do longa, um jovem judeu que acabara de se mudar para uma Universidade em Ohio. Entretanto, o filme começa com Sarah Gadon – namorada de Marcus na faculdade – já idosa, recapitulando como foi a passagem de ambos por este período. Indignação se situa em meio a Guerra da Coreia, e a preocupação por parte dos pais de Marcus é um dos fatores mais presentes do filme.

Max e Esther não conseguem lidar com o fato de seu filho se tornar uma pessoa independente. Mesmo Marcus indo para a universidade, os pais não deixam de controlar a vida do garoto devido ao medo de perdê-lo em uma possível ida para guerra. Fator que perdura em todo o filme e atrapalha o desenvolvimento do garoto ao longo de sua vida. O filme busca se adentrar literalmente no personagem de Marcus e expressar o que um garoto amplamente indagador pensava a respeito de sua época.

O diretor se utiliza dos personagens de Marcus e Sarah para antecipar características presentes de uma geração questionadora nos EUA. Por exemplo, Sarah é uma mulher que parece não se importar muito para o que os outros pensam sobre suas atitudes, não tratando a relação sexual como um tabu. Marcus, em meio a universidade profundamente conservadora e antissemita, se mostra um garoto que não têm medo de expressar suas opiniões e crenças, como a de ser um ateu. Assim sendo, os dois vivem em um relacionamento repleto de descobertas, que são expressadas no filme através de diálogos extremamente prolíficos entre os dois.

Em alguns momentos, há a impressão de que o filme se torna um pouco cansativo em razão da dilatação das cenas, onde acaba se vendo mais do mesmo. No entanto, a intenção do diretor é buscar um grande adentramento na vida de Marcus, para entendermos as reais angústias de alguém que pensava diferente e tinha que se conter em meio a toda repressão encontrada na Universidade.

Marcus e Sarah, de certa forma são personagens atemporais, que quando inseridos nos EUA dos anos 50, acabam possibilitando através do embate ideológico, vermos como havia um poder coercitivo presente na sociedade americana, tanto na universidade, quanto fora dela. Até mesmo os pais de Marcus e de Sarah os repreendiam.

Com um final que amarra todo o filme, Indignação se mostra como um longa que busca apresentar um panorama do que foi os EUA dos anos 50, utilizando o ponto de vista de um personagem que literalmente fica “indignado” com o que encontra ao seu redor dentro de uma comunidade reacionária.

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