O cinema em seu início. Os primeiros planos, as primeiras concepções visuais, as primeiras fotografias encadeadas e exibidas uma após a outra em uma velocidade que cria essa ilusão de movimento que chamamos de cinema.
São esses elementos que Thierry Frémaux, diretor do Instituto Lumière e do Festival de Cannes, traz para Lumière! A Aventura Começa, longa que conta com 108 filmes feitos por aqueles que são os criadores do cinematógrafo, e que também são considerados os pais do cinema: Auguste e Louis Lumière.
Nessa restauração em 4K organizada e narrada por Frémaux, vemos pouco a pouco nos breves filmes que são mostrados, os irmãos Lumière e sua equipe concebendo, trabalhando e entendendo algumas funções narrativas, planos, enquadramentos, movimentos de câmera e mise-en-scène que conseguimos identificar em todos os períodos da história do cinema que entrecorreram suas criações.
As viagens dos irmãos Lumière e de membros de sua equipe que renderam vários filmes em diferentes lugares do mundo, as descobertas de possibilidades narrativas e documentação em vídeo, tudo isso é explorado com uma narração inventiva de Thierry Frémaux que, em nenhum momento parece ser explicativa demais e que, muitas vezes, dá um tom divertido para um documentário que poderia com certa facilidade se tornar enfadonho caso as análises e comentários de Frémaux fossem demasiadamente técnicos ou se por alguma eventualidade não ficasse nítido na voz do narrador que ele é um completo apaixonado pelas obras que está nos ajudando a acompanhar.
Com uma bela trilha sonora – e até uma breve participação de Martin Scorsese – Thierry Frémaux pega o público pela mão quando necessário e em outros momentos comanda um documentário que é capaz de dilatar o tempo dessa grande sequência de filmes para que os espectadores sejam transportados mais de 100 anos no tempo e para que percebam a verdadeira magia que estão contemplando na obra de Auguste e Louis Lumière.
Um filme essencial para qualquer cinéfilo.