Críticas

Crítica | O Ano Mais Violento

O ano mais violento (A most violent year, 2014) é o terceiro filme do diretor J.C. Chandor, que já havia se destacado com Margin Call – O dia antes do fim e o premiado Até o Fim com Robert Redford. Desta vez, o diretor visa abordar o cenário opressivo de violência que invadiu Nova Iorque em 1981 durante um inverno rigoroso.

Oscar Isaac (de Inside Llewyn Davis) interpreta Abel Morales, um executivo proprietário da Standard Oil (empresa de óleo para aquecimento) que visa expandir seus negócios com uma jogada com empresários judeus. Abel representa aqui a “moralidade” em meio a um cenário caótico de concorrentes que tentam sabotá-lo ao roubar suas cargas de óleo repetidamente.

É neste contexto de jogadas empresariais corrompidas, má fé e sabotagens que o filme se desenrola ao abordar a luta um homem que tenta ser correto na maior parte do tempo para proteger sua empresa a todo custo. Ao seu lado, conta com o auxílio de sua mulher Anna Morales, interpretada de maneira eficiente por Jessica Chastain (de A Hora mais escura).

Embora tenha uma premissa relativamente simples, o filme não é dos mais agradáveis por exigir do espectador paciência para que a trama se desenrole em um ritmo bastante vagaroso. Com tomadas muitas vezes escuras, J.C. Chandor imprime um visual esfumaçado e sem cores para reproduzir a jornada claustrofóbica que Abel passará ao longo dos 120 minutos de projeção. Fica o destaque para as tomadas e os enquadramentos alinhados que o talentoso diretor propõe.

Com uma reconstituição fiel da Nova Iorque do inicio dos anos 80, a fita é cuidadosa ao reproduzir carros da época e figurinos sóbrios dos personagens nouveau riche. Segundo o site Imdb, Jessica Chastain exigiu que todo seu figurino fosse montado com peças vintage da Armani do ano de 1981, pedido que foi atendido pela grife.

Quase irreconhecível Albert Brooks (de Taxi Driver) tem seus momentos como o advogado e fiel escudeiro de Abel Morales, e há até o retorno da sumida atriz colombiana Catalina Sandino Moreno (de Maria Cheia de Graça) em participação discreta.

Um filme para adultos que apreciam um thriller a moda antiga tem seu valor.

Por Marcello Azolino
www.facebook.com/marcello.azolino

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