Críticas

Crítica | Os Parças

Por Marx Walker

Já não é hoje que se precisa de uma tropa de elite para produzir filmes que convençam os brasileiros a irem ao cinema se assistirem. Contudo, apostar na produção de comédias por aqui tem sido um grande Bingo, dado que esse gênero ocupa metade do ranking de nossas 10 melhores bilheterias para apreciação de produtos da tela brasilis.

Ok, isso é orientador, mas não quer dizer que existam só 10 mandamentos para conquistar o cinéfilo local, essa espécie de Dona Flor na finada fase de um marido só (hollywodiano). Decodificar essas informações em forma de bilheteria é Bicho de 7 cabeças.

De posse dessa realidade e risco, estreia no próximo dia 30 Os Parças, de Halder Gomes (Shaolin do Sertão), uma comédia que conta a história de três figuras que atuam em sub-empregos na região central de São Paulo, e que graças a uma confusão, acabam cruzando seus caminhos ao irem parar numa precária agência de casamento – composta por Mário/Oscar Magrini e Romeu/Bruno de Luca, onde dali se comprometem a organizar um casamento épico para Cintia (Paloma Bernardei), filha do maior chefão de contrabando da rua 25 de Março, o perigoso Vacário (Taumaturgo Ferreira).

O projeto escala para a linha de frente 3 nomes de peso do humor nacional, cada um com sua escola, gênero e nicho, formando um time que em teoria por sí só já gera muita expectativa, ainda mais quando se visualiza os papéis atribuídos: Tom Cavalcante é um locutor de loja da 25, enquanto Whindersson Nunes e Tirulipa são picaretas do jogo das bolinhas, um clássico golpe de “pega-trouxa” naquelas ruas dali.

Para o filme, os humoristas usam todo o seu repertório de timbres e trejeitos que os consagraram em seus meios para preencher muitas cenas com suas peculiares referências: Tom bebe no copo de Cana-Brava e se antena nos seus tempos de rádio; Tirulipa repassa para o seu personagem o comportamento que ele mesmo tem nos seus stand ups; Whindersson nunes procura replicar suas caras e bocas indignadas que são apreciadas por nada menos que seus 24 milhões de assinantes do seu canal no You Tube.

Os agravantes ficam por conta da sensação que essa mistura toda pode causar na cabeça do público de uma maneira geral, que pode perceber tudo como uma grande coletânia de piadas manjadas com selo Cazalbé de aprovação (aliás, ele faz uma ponta). A mesma conotação pode ser atribuída também para efeitos sonoros (tem onomatopéia dos Flinstones no filme) e roteiro com cara de Sessão da Tarde. Há ainda espaço para se debater o uso depreciativo da figura feminina no filme, mas isso é outra história.

E diante de uma parceria que deu liga, mas faltou entrosamento de elementos que compõe um filme bacana, Se eu fosse você (ok, chega de referências), juntava seus parças e esperava o filme sair na Netflix. O custo-benefício parece mais acertado nessa configuração.

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