Críticas

Crítica | Ricki and the Flash: De Volta pra Casa

Ser o que você é, fazer o que gosta e ser mãe – seja a mulher uma professora, uma executiva ou uma roqueira – parece que não são coisas compatíveis. Fazer aquilo traz consequências muito sérias para todos que a cercam. Como esta mulher lidará com estas consequências? É sobre este lidar de que se trata o filme Ricki and the Flash: De Volta pra Casa.

Ricki Rendazzo (Meryl Streep, de… preciso mesmo dizer em quais filmes ela atuou?) e sua banda The Flash se apresentam em um bar na cidade Tarzana, Los Angeles, Califórnia. Um dia, o seu ex-marido Pete (Kevin Kline, de Será Que Ele é?) a telefona para lhe contar que a filha deles, Julie (Mamie Gummer, de Cake: Uma Razão Para Viver e realmente filha de Meryl Streep), foi abandonada pelo marido e este pediu o divórcio. Pete pede a ela venha visitar a filha em Indianopolis para, juntos, a ajudarem com a depressão que está tendo. O problema era que Ricki não visitava a filha e os filhos, Josh (Sebastian Stan, da sequência de Capitão América) e Adam (Nick Westrate), há muito tempo. Ela deixou sua família em segundo plano para se dedicar a sua carreira – que não foi lá muito promissora. Agora, teria que lidar com as consequências desta escolha.

O roteiro desta produção é da ganhadora do Oscar pelo filme Juno, Diablo Cody. Esta história tem vários aspectos que muitos dos espectadores podem ter passado, realmente. As pessoas poderão se identificar seja com a Ricki, seja com o Pete, seja com qualquer um dos três filhos que ambos tiveram. Uma das questões levantadas por Diablo em seu roteiro é o “colocar de lado”. Seja por de lado sua família por um sonho, seja por de lado sua esposa por uma nova paixão, seja por de lado seus problemas para ajudar aqueles que ama os quais estão com mais problemas do que você.

Esta história não só foi feita por boas mãos, como caiu em boas mãos no caso da direção. Esta comédia dramática ficou a cargo do também premiado pelo Oscar, Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes), que consegue o máximo do ótimo material que tem em mãos. Ele consegue, por exemplo, mostrar sutilmente o contraste entre a Ricki segura no palco e a Ricki que não sabe como agir fora dele no dia a dia. Neste quesito, Demme foi muito ajudado, logicamente, pela ótima interpretação de Meryl Streep.

E como não poderia de ser, o filme também é contado pelas músicas pelas quais a personagem de Streep interpreta. Canções de todas as épocas e até de gostos muito diferentes. Um ótimo exemplo de como a história é desenvolvida, também, pelas músicas é que a primeira música a ser mostrada é “American Girl”, da Taylor Switf. Outra canção bem emblemática disto é a “Bad Romance”, de Lady Gaga.

Mas o filme não é só Ricki e, portanto, não só Meryl Streep. Ele também é – principalmente – os outros personagens que deixam muito claro para a roqueira quais foram os desdobramentos da sua escolha. Kevin Kline, apesar de um pouco afastado dos sets de filmagem ainda se sai muito bem no papel do homem que arranja outra mulher e continua sua vida e cuida dos três filhos após se separar dela. Mamie Gummer está muito bem no papel da mulher que acreditava que permaneceria casada para sempre e teria vários filhos, mas acaba sendo abandonada e trocada pelo marido. E acaba entrando em profunda depressão. Sebastian Stan e Nick Wastrate, até por aparecem menos, não tem tanto desenvolvimento de seus personagens. Não fazem feio, mas também não são brilhantes quando estão em cena.

Um destaque muito merecido vai para a atriz Audra McDonald. Ela faz o papel da Maureen, atual esposa do personagem de Kevin Kline e quem realmente acabou criando os filhos de Ricki. A personagem de Audra aparece muito pouco durante a história, porém quando ela aparece você percebe a força – tanto da atriz, quanto da personagem – para aquela história.

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