Mais de 30 anos depois de O Retorno de Jedi, de qual é continuação, e há exatos dez anos após A Vingança do Sith – o último filme da franquia – Star Wars: O Despertar da Força faz renascer em centenas de milhões de espectadores ao redor do mundo a Força.
Obra criada pelo então quase desconhecido George Lucas, Guerra nas Estrelas ou, melhor, Star Wars (1977) mudou a vida das pessoas e os rumos do cinema mundial. Por causa dessa retrospectiva, quando o diretor e roteirista J. J. Abrams afirmou que retomaria esta, que é uma das mais icônicas franquias da história, todos prenderam a respiração. A dúvida que pairava no ar era: Star Wars poderia ser continuada de alguma forma? Personagens eternizados, como Luke Skywalker, Princesa Leia Organa, Han Solo e Chewbacca poderiam voltar às telas? Abrams mostra que não só é possível, como pôde realiza-la de forma esplendorosa.
O roteiro escrito por ele, Michael Arndt (Jogos Vorazes: Em Chamas) e um dos roteiristas originais de O Império Contra-Ataca e O Retorno De Jedi, Lawrence Kasdan, conta uma história que se encaixa perfeitamente no universo da saga. Eles respeitaram o que tinha sido criado até hoje. A história também se passa décadas após a destruição da nova Estrela da Morte, a morte de Darth Vader e o fim do Império Galáctico. Das cinzas deste, emerge a Primeira Ordem, a qual a Resistência terá que enfrentar.
Novos personagens fundamentais para o desenrolar da história são logo mostrados. Poe Dameron (Oscar Isaac, de Ex-Machina: Instinto Artificial), o robô BB-8, Finn (John Boyega, de Ataque Ao Prédio) e Rey (Daisy Ridley, em seu primeiro longa), pela Resistência e Kylo Ren (Adam Driver, de Enquanto Somos Jovens), Capitã Phasma (Gwendoline Christie, da série Game of Thrones) e General Hux (Domhnall Gleeson, de Ex-Machina: Instinto Artificial), pela Primeira Ordem. E, aos poucos, antigos personagens da saga vão reaparecendo tais como Han Solo (Harrison Ford), Chewbacca (Peter Mayhew), Lea Organa (Carrie Fisher) e C-3PO (Anthony Daniels).
Sem querer parecer falta de critério para avaliar a interpretação dos atores e atrizes, mas todos estão excelentes em seus papéis. A escolha do elenco realizada pelo trio formado por Nina Gold (Êxodo: Deuses e Reis, 2014), April Webster (Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível, 2015) e Alyssa Weisberg (também de Tomorrowland) foi bem feita. Houve uma integração entre os atores menos e mais experientes e a atuação de todos flui perfeita.
John Boyega está bem no papel de alguém que percebe estar no lugar errado e faz alterações em relação a isto. Daisy Ridley faz um dos papéis que será mais comentado nos próximos anos e se ela sentiu algum nervosismo por isto, não deixou transparecer na tela. Harrison Ford parece nunca ter deixado Han Solo. Ele não está mecânico, porém, parece ter retomado aquele personagem de mais 30 anos atrás com uma facilidade impressionante.
O que deve ter ajudado todos a conseguirem este alto nível de atuação na tela foi a direção de J. J. Abrams. Ele realizou um trabalho respeitoso em relação ao legado de George Lucas, porém soube aproveitar os avanços tecnológicos das últimas décadas para dar mais dinamismo às cenas de perseguição de naves e às de luta. Um exemplo deste dinamismo acontece em uma cena especifica na qual a câmera está ao lado de uma espaçonave se movimenta junto com ela, porém, em um determinando momento o faz oposto ao daquela. A diminuição das câmeras e um melhor sistema de captação de som têm facilitado a feitura de filmes de aventura.
Quem caprichou em seu trabalho, também, foi Daniel Mindel. Diretor de fotografia parceiro de J.J. em Star Trek, Daniel fez um ótimo trabalho de câmera, assim como um Jedi ao manejar um sabre de luz. Daniel fez enquadramentos que possibilitaram a realização de cenas de ação mais realistas e emocionantes.
Emocionantes e uma das razões por gravar Guerra nas Estrelas no imaginário das pessoas por gerações foram as trilhas sonoras dos seis filmes. Elas foram criadas pelo musicista John Williams. John também foi o responsável pela de Star Wars: O Despertar da Força. Entretanto, infelizmente, ele não acertou a mão e não compôs músicas que grudassem e fizessem com que o público se lembre deste longa. Obviamente, não é ruim, mas não teve o mesmo peso que nos demais anteriores.
Os efeitos especiais são, atualmente, básicos, porém funcionam muito bem. Foram os efeitos especiais no primeiro filme, um dos grandes motivos que transforam um simples de filme de ficção científica e aventura em um dos primeiros blockbusters do cinema norte-americano e mundial. Não seria exatamente nesse quesito técnico que haveria falhas. Todavia, o 3D não é tão essencial, assim. Pode-se assistir O Despertar da Força em salas normais.