Críticas

Crítica | Submersão

O diretor Wim Wenders (Asas do Desejo, Pina e Paris, Texas) não precisa provar nada a ninguém. Wim é um dos nomes mais importantes do Novo Cinema Alemão, além de ser o presidente da Academia de Cinema Europeu de Berlim há mais de 20 anos. Mesmo assim, Wim continua mostrando todo o seu potencial em Submersão.

Já na cena de abertura, a inteligência da direção fica evidente. Uma brincadeira com uma simulação de mergulho que mais parece uma aventura cosmonáutica dá o tom à um dos assuntos abordados pelo filme, mostrando não só a hostilidade, mas o mistério de um ambiente que o cinema, e a ciência em geral, tende a deixar de explorar.

A fotografia do filme é linda, e interativa com a trama. O tempo todos somos levados a crer que estamos de fato submersos, fazendo com que, em alguns momentos, precisemos respirar mais fundo somente para nos certificar que ainda temos ar nos pulmões. Toda iluminação e montagem de cena refletem no ponto principal, e se você nunca viu um filme de Wim, vai imediatamente querer mergulhar na filmografia do diretor.

A trama é dividida entre os personagens de Alícia Vikander e James McAvoy. Quanto a atuação do casal protagonista, não há o que ser dito que não seja um elogio. Ambos estão muito bem em seus papéis e, se McAvoy acaba por se destacar mais na situação, é porque lhe é dada a possibilidade de um personagem com emoções mais extremas perante situações que exigem maior ação.

A trama não é o ponto alto do filme. Por ser dividida entre os dois personagens, a narrativa acaba perdendo um pouco de força ao seguir o personagem de James McAvoy, que mesmo conseguindo trazer algumas cenas e questionamentos interessantes e pertinentes para o filme, acaba por ser mais fraca do que a vivida por Alícia Vikander, que se envolve muito mais com a premissa do filme.

Ao final, o filme acaba se perdendo. O personagem de McAvoy, que se ausenta do tema por um tempo, volta para ele em uma cena bonita, mas nada mais do que isso, o que faz por contrastar ainda mais com a história seguida por Vikander, e, apesar do filme ser emocionante pela fotografia, a trama falha ao tentar dar sua mensagem final, fazendo o filme valer a pena somente pela parte técnica e, talvez, algumas reflexões do início.

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