Críticas

Crítica | Tirando o Atraso

O premiado ator norte-americano Robert De Niro tem escolhido papéis com algumas semelhanças entre si. Geralmente, esses personagens exercem certa influência em outros da trama e, a maioria deles, são viúvos. Representar personagens parecidos entre si não é problema algum e não desmerece os filmes nos quais De Niro atuou. Este é o caso do mais recente filme dele que chega aos cinemas brasileiros, Tirando o Atraso.

A mulher do veterano do exército norte-americano, Dick Kelly (Robert De Niro, de O Senhor Estagiário), acaba de falecer. Seu filho, David (Jason Mantzoukas, da série Shameless) e o seu neto, Jason (Zac Efron, de Música, Amigos e Festa) vão ao velório. Dick e David não têm uma relação muito boa, porque o primeiro foi um pai ausente por causa do trabalho. Jason está estagiando como advogado e vai se casar em menos de uma semana com Meredith (Julianne Hough, de Paraíso – Em Busca da Felicidade), filha de um dos sócios do pai no escritório de advocacia.

Dick pede ao neto, ao final do velório, que o leve para Flórida. Ele e a esposa sempre iam para lá nesta época do ano. Jason aceita e o avô pede a ele que o pegue no dia seguinte. Em uma das paradas, Jason reencontra uma colega de um curso de fotografia que fez, Shadia (Zoey Deutch, de Academia de Vampiros: O Beijo das Sombras).O que parecia uma simples viagem ao lado do avô que fazia tempo que não via, transforma-se numa louca aventura com alguém que Jason percebe não conhecer direito.

Esta comédia em forma de road movie é simples e despretensiosa. A história do filme foi escrita pelo estreante John Phillips. Ela não é ruim e tem uma premissa diferente. É puro entretenimento, mas, mesmo assim, há algumas brincadeiras com o politicamente correto e alguns toques sobre preconceito aos gays, por exemplo.

Tirando o Atraso foi dirigido pelo britânico Dan Mazer. Ele tem pouca experiência como diretor, porém já trabalha como roteirista e produtor de séries e filmes de comédia, como Da Ali G Show (2000) e Borat (2006). Ambas as produções são encabeçadas pelo ator e comediante Sacha Baron Cohen. Portanto, Mazer sabe trabalhar este estilo e consegue tirar dos atores e atrizes o tom certo da comédia.

Robert De Niro, desde Máfia no Divã (1999), tem cada vez mais feito comédias. Ele tem acertado mais do que errado em filmes desse tipo. Os personagens escolhidos por ele têm alguns aspectos semelhantes, mas conseguem revelar facetas diferentes do ator. O personagem de Tirando o Atraso é uma combinação de outros personagens já interpretados por De Niro e, por isso, ele atua com o pé nas costas.

Zac Efron, porém, não conseguiu dar veracidade ao seu personagem. Ele está meio falso. O seu personagem acaba servindo, apenas, para colocá-lo em situações nas quais pode ser explorado o seu corpo. A falsidade pode ter sido acentuada, porque o personagem é muito ingênuo e Efron não conseguiu acertar o tom exigido pelo personagem. Zoey Deutch, ao contrário dele, está muito bem no papel da jovem que sabe o quer e aproveita o que a vida lhe oferece.

A fotografia do filme feita pelo Eric Alan Edwards, de Bem-vindo ao Mundo (2014) corresponde ao clima alto astral do longa. Tanto a coloração, quanto o posicionamento e a movimentação de câmera estão satisfatórias. Nada especial, porém, também, nada ruim. Assim como a edição feita pela Anne McCable também está bem feita. Sem inovações, mas sem tropeços.

A trilha sonora de Michael Andrews, de Sex Tape: Perdido na Nuvem (2014), reforça o clima da história. Rápida e animada, ajuda – e muito – o público embarcar na história. Os momentos politicamente incorretos, em principio, parecem ofender alguns. Porém, conforme o filme continua, percebe-se que nem tudo é o que parece ser. John Phillips conseguiu brincar com a ideia de aparência e conta uma história leve, porém com algumas dedadas no público.

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