Com uma premissa no mínimo curiosa, Adam Sandler lança seu mais novo filme: Trocando os pés (The Cobbler, 2015). Desta vez, Sandler interpreta Max Simkin um sapateiro judeu de Manhattan que tenta conciliar sua loja de reparos de sapatos no Lower East Side e os cuidados com sua mãe que possui Alzheimer. Sem namorada e fragilizado em face do pai os ter abandonado, Simkin descobre, no porão da loja, uma máquina de costura de família que permite que o sapateiro assuma a identidade dos respectivos donos dos sapatos que foram costurados na máquina ao calçá-los.
A partir deste conceito, o filme toma rumos de acordo com os variados tipos de clientes que freqüentam a loja de Max. Se o público espera assistir aquela categoria de comédia rasgada e batida que Sandler está acostumado a fazer como Click ou Cada um tem a gêmea que merece vai se decepcionar. Este filme está mais para Espanglês ou Embriagado de Amor, ou seja, um drama leve e engraçadinho.
Por mais que o roteiro consiga prender a atenção do expectador até a metade do filme, em determinado momento a condução da história envereda para uma trama boba sobre despejo de moradores de um prédio e acertos de contas com bandidos. Sem contar o desfecho apressado e artificial que comprometem a história.
Destaque para a sensível cena que envolve a realização do desejo da mãe de Max de sentar a mesa com seu marido pela última vez para um jantar romântico. É uma cena bem conduzida, delicada e que destoa da forma como o roteiro foi conduzido no resto do filme.
Com a participação “surpresa” de Dustin Hoffman, este garante sempre grandes cenas quando aparece, seja com um olhar ou um sorriso. Ao contrário de Steve Buscemi (de Fargo) que não consegue fazer muito com seu papel coadjuvante de barbeiro da loja ao lado de Max.
Por mais que a decisão da distribuidora do filme no Brasil tente “vender” a obra como “A mais nova comédia de Adam Sandler!” é necessário deixar claro que a história é melancólica e não abre espaços para risadas. No mais, é um drama água com açúcar que nunca alcança a média.
Por Marcello Azolino
www.facebook.com/marcello.azolino