Críticas

Crítica | Vai Que Cola – O Filme

A mais recente incursão de Paulo Gustavo no cinema é uma sucessão de gags horrorosas, personagens caricatos e um fiapo de roteiro que garantem 1h45 de pura perda de tempo. Vai que Cola é uma transposição preguiçosa do universo do seriado do Multishow para a tela grande. Não basta levar os personagens da TV para o cinema sem contar com uma história que valha realmente a pena ser contada na linguagem cinematográfica. Aqui nada vale a pena.

O enredo aborda a migração dos personagens do seriado do Méier para o Leblon após uma forte tempestade acabar comprometendo a segurança dos moradores da pensão da Dona Jô (Catarina Abdala). Todos seguem para uma cobertura cinematográfica onde habita Valdomiro (Paulo Gustavo). O vendedor de quentinha de Dona Jô revela que é proprietário do imóvel e que é procurado pela Polícia Federal em face de uma falcatrua em que foi envolvido por uma empresa de engenharia que era acionista.

A história se concentra, em grande parte, nos choques que os personagens suburbanos passam a ter ao desfilarem nas calçadas do Leblon. O que era para ser uma curiosa e divertida abordagem das atrapalhadas do grupo da pensão da Dona Jô em um habitat nobre como o do Leblon se torna um pesadelo para qualquer um de bom senso.

Os realizadores da obra destilam uma série de piadas depreciativas contra negros, porteiros, gays e pessoas obesas. Assistir Cacau Protásio berrando em todas as cenas em que aparece e fazendo graça com sua gordura chega a ser contrangedor em nível hard. Fiorella Mattheis apenas explora sua beleza e sua personagem “tcheca” é figurante de luxo mal proferindo um diálogo completo.

Samantha Schmutz tem timing cômico, mas não consegue achar brechas no roteiro para fazer o público rir. Fernando Caruso e Emiliano D’Ávila ainda completam o elenco em atuações pouco inspiradas.

Marcus Majella é um bom comediante, faz bom uso de seus trejeitos, porém não foge muito da persona caricata que criou para o concierge Ferdinando. Ele prossegue tendo uma boa dinâmica com Paulo Gustavo e talvez a melhor cena do filme seja a tentativa do recepcionista parecer “macho”diante de um interesse amoroso.

É inegável o talento de Paulo Gustavo para construir personagens hitéricos femininos como no sucesso Minha Mãe é uma Peça, porém isso não da carta branca para que o comediante produza um filme sem pé nem cabeça como este. Inexplicavelmente, o filme caminha para se tornar um sucesso de bilheteria no país. Uma prova de que o público está cada vez menos exigente quando vai procurar uma diversão escapista em tempos de crise.

Uma pena, já que obras mais elaboradas como Que Horas Ela Volta? acabam empalidecendo diante das comédias produzidas no piloto automático que invadem as salas de cinema.

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