Críticas

Crítica | Você Nunca Esteve Realmente Aqui

Você Nunca Esteve Realmente Aqui chega aos cinemas como o mais novo filme da escocesa Lynne Ramsay. Estrelado por Joaquim Phoenix, o longa já chega como um dos mais interessantes do ano, ajudado pelo reconhecimento como o vencedor de Cannes por Melhor Ator e Melhor Roteiro. Ramsay foi indicada também pela direção, mas acabou não levando o prêmio, que seria muito acertado.

O trabalho de Ramsay, conhecida por trabalhos como Precisamos Falar Sobre Kevin, Morvern Callar e O Lixo e o Sonho, é de todo interessante. O clima escuro do filme é brilhantemente arquitetado com os enquadramentos, horas estáticos e horas inquietos de Ramsay. A pouca quantidade de luz se alinha em diversos momentos onde só se enxerga uma silhueta que acaba trazendo uma visão mais nítida com a ajuda de espelhos.

Os momentos mais violentos são tratados também com um grande cuidado com a fotografia. O uso de câmeras de segurança também se destaca no filme para dar o tom necessário. Assim, o filme entra em equilíbrio de suas mais diversas partes. Outro grande responsável por isso é Phoenix, que traz novamente uma ótima atuação. O ator é sutil e certeiro, mesmo em momentos mais extremos onde, às vezes, a atuação pode escalar demais e ficar caricata, o que não acontece em Você Nunca Esteve Realmente Aqui. Judith Roberts também é outra atuação destacável, sendo um deleite para o público toda vez que a vê em cena.

A trama ainda é outro ponto alto do filme, tanto em sua premissa, quanto em suas viradas ou seu desfecho. Trazendo questões que, infelizmente, ainda são necessárias, o roteiro consegue achar um bom balanço entre levantar questões e entreter o espectador em seus próprios pontos específicos. Longe de ser um simples entretenimento, mas ainda funcionando bem como um, o filme é de todo obscuro e pesado, como se fosse uma versão mais adulta e melancólica de O Profissional encontrando Taxi Driver.

Você Nunca Esteve Realmente Aqui é um grande candidato a marcar o cinema desse ano. O público deve sair do cinema ainda ecoando todos os seus acontecimentos e o espectador mais sensível terá de desviar diversas o olhar em seus momentos mais sangrentos. Ainda assim, mesmo este deve sair contemplado por uma obra que, diferente dos filmes mainstream do momento, o leva a refletir e se indignar, ao invés de lhe dar uma hora e meia de diversão, ao mesmo tempo em que entretém dentro de seu curto tempo.

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