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Crítica | Cadáver

Se existe um gênero cinematográfico que sempre foi sucesso de público, este é o terror. Tanto que pesquisas indicam números que apontam que este tipo de filme se encontra na primeira posição entre os que mais levaram pessoas para as salas de cinema ao redor do mundo em toda a história, ou seja, Alfred Hitchcock estava certo quando dizia que as pessoas gostam de se assustar e sentir medo.

Nos dias atuais, o gênero voltou a ganhar outro tipo de evidência ao apresentar obras que, mais que perturbar, exploram temas incomuns ao estilo, com um andamento diferenciado na narrativa, abordando a fobia que vem de dentro para fora. A imprensa inglesa batizou esta vertente de pós-terror, uma designação que levanta polêmicas, pois algumas obras que dizem se encaixar dentro da subcategoria, na realidade, não estão de acordo com todos estes critérios estabelecidos. Em 2018, temos dois bons exemplos disto, com o ótimo Um Lugar Silencioso e o bom Hereditário, sendo que o primeiro está mais para o cinema de filmes B, e o segundo é um filme de terror sobrenatural comum.

Tudo isto, para dizer que lamentavelmente, Cadáver do diretor Diederik Van Rooijen, não apenas está a anos-luz deste conceito tão vangloriado hoje em dia, assim como passa muito longe de criar qualquer marca nesta forma de linguagem, pois no fundo, o longa do cineasta holandês é simplesmente ruim.

Cadáver nos apresenta a vida de Megan Reed, uma ex-policial que tem batalhado contra seus vícios em álcool e pílulas. Tentando recomeçar após um trauma em seu trabalho anterior, a jovem arranja um emprego no hospital de Boston, na parte do necrotério. Logo, em sua segunda noite, Megan recebe um corpo de uma bela jovem chamada Hannah Grace, e a partir daí, eventos macabros se iniciam madrugada adentro.

Dentre os vários problemas na obra de Van Rooijen, os que mais saltam aos olhos, são: os típicos lugares-comuns encontrados em longas do gênero; e a narrativa estruturada mecanizada.

No primeiro, aqueles velhos clichês, como a protagonista traumatizada, o ex-namorado que sempre aparece na hora certa, o segurança simpático mas muito ingênuo, e assim por diante. Até aí, isto não necessariamente seria um problema, pois algumas vezes, filmes apresentam alguns contrapesos a estas trivialidades. Mas, este não é o caso de Cadáver, logo que a narrativa é repetitiva, muito mecânica. Desta maneira, mais do que cansar o espectador, você tira o elemento surpresa do filme, e no terror, isso é a própria morte.

Acusar os chamados ‘jumpscares’ de uma manobra banal e apelativa, é desconhecer os predicados que estas obras têm entregado ao seu público, por décadas e mais décadas. Pois, ao analisar filmes como Cadáver que possuem um enredo genérico, de mínima a quase nula complexidade, se tais filmes não forem capazes de atiçar quem está na poltrona do cinema, nem com pequenas situações de sustos, o que restará a estes? Na conjuntura deste filme, absolutamente nada!

Uma destas falhas mecânicas que são mais perceptíveis no longa de Van Rooijen, e que acontecem a todo tempo em que acompanhamos Megan no trabalho, são o uso nestas cenas de sensores de movimento que acendem as luzes do local. Logo, quando não há movimento algum, as luzes estão apagadas, e a partir do momento que há um movimento qualquer, estas acendem. A pergunta que fica é: você planeja fazer um filme de terror, onde em quase todas as cenas, acaba avisando o espectador de que daqui a alguns segundos, algo terrível pode acontecer, e acredita que isto irá funcionar? Faltou o mínimo senso.

Este exemplo, assim como as várias idas de Megan às geladeiras onde ficam os corpos que chegam ao necrotério, quebram muito o ritmo, e por consequência, a atmosfera agonizante, inexistente em Cadáver.

As únicas cenas que possuem quaisquer elementos infimamente dignos, acontecem no estacionamento subsolo do hospital, lembrando bem de leve, um certo clima de apreensão sentido quando jogava-se o vídeo game Resident Evil 2.

Triste que Cadáver do cineasta holandês Diederik Van Rooijen não consegue nem arrepiar os pelos do braço. No fim, todos os componentes usados para construir uma obra de terror, estão lá! Contudo, estes se igualam aos corpos que chegam e enchem as geladeiras do necrotério, todos sem pulso.

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