Netflix

Crítica | Megarrromântico

Para os que adoraram e shippavam o casal Rebel Wilson e Adam DeVine na série de filmes A Escolha Perfeita, a mais nova produção original da Netflix, a comédia romântica satírica Megarrromântico será um deleite, e para o restante, apenas mais uma comédia romântica qualquer que ridiculariza o próprio gênero cinematográfico, mas escorrega neste constantemente de maneira desavergonhada, diminuindo a diversão de seu melhor argumento.

Megarrromântico da Netflix conta a história de Natalie, uma jovem arquiteta frustrada com sua vida profissional e amorosa. Muito pessimista e crítica em relação ao amor romântico, vê sua vida virar de cabeça para baixo ao ter uma concussão tentando escapar de um assalto na plataforma do metrô. Ao acordar do acidente, percebe que a sua vida se transformou como em um filme de comédia romântica onde tudo dá certo, e os ventos sempre sopram a favor.

É uma pena que a nova produção original da provedora mundial via streaming deixa escapar a chance de brincar ainda mais com o gênero que aponta. Não que esta deixe de brincar, e até divertir um pouco, ao fazer troça de filmes como Uma Linda Mulher, ou qualquer outra comédia romântica que se passa na cidade de Nova York, é que a sensação que fica é de que o longa dirigido por Todd Strauss-Schulson pisa muito pouco no acelerador, deixando a crítica e o entretenimento, menos contundente e agudo, respectivamente.

Megarrromântico é um filme de pouca duração, menos de uma hora e meia, mas há boa dinâmica, pois o enredo flui fácil e mantêm o espectador atento ao conteúdo. Porém, é no mesmo que começamos a notar alguns pontos baixos, como o humor que nem sempre acerta em cheio o alvo, principalmente quando divide a atenção com o romance. Alguns elementos são bem inspirados, como o uso de canções já populares em outros filmes do gênero, só que em tom sarcástico; ou quando cita a classificação etária dos filmes na cena de “sexo” entre a protagonista e o personagem interpretado por Liam Hemsworth. Pena que isso dure pouco!

A direção de fotografia de Simon Duggan é até bem sugestiva no quesito luz, sempre ressaltando o aspecto de sonho, principalmente nas cenas diurnas, com luzes brancas ofuscantes como no escritório onde Natalie trabalha, além de exaltar o mar de cores que virou a Nova York dos filmes românticos.

No elenco, é possível exaltar alguns dos atores, especialmente a protagonista interpretada por Rebel Wilson, que consegue divertir minimamente quando o texto não coopera para com ela, e também Betty Gilpin, que faz o papel de sua assistente e melhor amiga na vida real, porém, sua inimiga mortal no mundo fictício. Aqui, um dos momentos onde a obra de Strauss-Schulson consegue fazer um argumento mais categórico, questionando porque mulheres poderosas e bem-sucedidas em seus ofícios devem competir, e até odiar, umas as outras. Óbvio, que no mundo das celebridades isso é motivo para vender matérias, e conseguir maior tráfego online com ‘clickbaits’. Lady Gaga e Irina Shayk que o digam!

A química entre Rebel Wilson e Adam DeVine, o novo ídolo teen da Netflix se manteve, contudo, em grau menor. Até porque os personagens interpretados por ambos nos filmes A Escolha Perfeita são mais ‘over’ que seus papéis em Megarrromântico, e sem dúvida, os dois atores se sentem mais à vontade nos exageros do que nas sutilezas, como a maioria dos atores cômicos.

O casal protagonista repete o mais do mesmo que já estamos familiarizados, sendo que Adam DeVine faz Adam DeVine como só Adam DeVine consegue trazer à vida Adam DeVine. Muito versátil!

Já na coluna dos que são considerados mais bem afeiçoados em uma sociedade superficial, temos Liam Hemsworth e Priyanka Chopra. Ela, não consegue fazer mais do que o estereótipo anexado à própria, e ele, ao menos mostra leveza e disponibilidade para a diversão em um filme leve e solar como é Megarrromântico. Fica até fácil lembrar da participação de seu irmão mais velho Chris Hemsworth na versão remake de Caça-Fantasmas lançada em 2016: bem à vontade e se divertindo com o próprio material.

Tivesse tido mais audácia do que apreço pela convenção, o longa de produção original Netflix teria desviado do lugar-comum, mas este não foi o caso.

Sair da versão mobile