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Crítica | Nosso Último Verão

Se têm um público na área dos filmes que é fiel ao gênero, que divulga e viraliza qualquer material que seja relacionado ao produto que tanto ama, esse é o público teen (ou young adult, maiores de idade mas na faixa dos 20 e poucos anos) que aprecia os dramas escolares, principalmente aqueles envoltos em muito romance. Nestes filmes ou séries quase que exclusivamente habitado por jovens, garotas e garotos bem afeiçoados, tudo parece montado para dar certo, mas se fosse assim, o que atrairia a atenção deste público, na maioria feminino?

Absolutamente nada! É preciso drama para cativar os mais jovens. Pode vir num ambiente de mistério, ou fantasioso, tanto faz. O importante é ter um pouco do drama romântico que pega pelo emocional.

Assim, é uma pena quando, as vezes por um texto nada inspirado, ou por performances muito plásticas, um nicho cinematográfico relevante ganhe uma pecha universal. E, infelizmente, Nosso Último Verão, comédia romântica teen original da Netflix também tropeça nestes vícios do gênero, sendo capaz de agradar pelo romance apenas o seu próprio público, porém, artificial e desinspirado na maior parte do tempo na tentativa de expressar dores e dúvidas humanas comuns a todos.

Dirigido por William Bindley, o filme da Netflix acompanha o último verão de um grupo de jovens que vivem na cidade de Chicago antes de saírem da cidade a caminho de várias universidades espalhadas pelos Estados Unidos, tentando resolver seus relacionamentos amorosos até o fim da estação.

É descomplicado analisar o trabalho de Bindley em Nosso Último Verão. Como uma rom-com, a obra minimamente funciona como romance, e falha miseravelmente no campo solar do humor. E os dramas dessa juventude que vive na grande cidade de Chicago? Em ideia, substanciosos e dignos; na prática, afetados, sintéticos. Parece tão forçado que fica difícil escapar do clima de propaganda publicitária dentro do filme.

Há momentos que parece que a produção Netflix quer divulgar o turismo da terceira maior cidade da América, como também parece um comercial de materiais esportivos, ou até de protetores solares ou bronzeadores, com jovens de corpos apolíneos, e garotas esplendorosas andando de jet-skis, jogando vôlei na praia, e tudo aquilo que vemos na televisão aberta entre dezembro e março do ano seguinte (período de duração da estação no hemisfério sul).

Em qual aspecto o longa do diretor William Bindley funciona? Nas relações amorosas do elenco, e em alguns momentos realmente românticos. Clichês, mas românticos. Estes acontecem por dois elementos: o bom uso do cenário e a ambientação, e principalmente, a sinergia entre os atores em cena.

Dividido em blocos, lamentavelmente, nenhum se destaca em matéria de qualidade mais que o outro, apesar de haver um casal protagonista central, papéis de KJ Apa, protagonista da série popular Riverdale, e Maia Mitchell, conhecida por alguns filmes produzidos pela Disney Channel. Suas performances acabam sendo diminuídas por um texto pobre, que ainda guardou uma cena constrangedora de ambos emulando uma ‘gunfight’ a la filmes de faroeste só que com sacolas de restaurantes diferentes.

Se é para falar de graça, apenas um garotinho de uma família cristã conseguiu isso em cena, no momento que ele explica ao pretendente de sua irmã que ele num vai conseguir o que quer com ela, completamente sem chance alguma. Talvez este tenha sido o momento mais natural em toda a obra de Bindley.

Nos outros blocos, mais do mesmo! E tudo de maneira estereotipada e pouco crível. Como o garoto alto, bonito, muscular, que é um abobalhado quando se trata de flertar com mulheres, e que ganha no final, falas ouvidas em filmes pornô; ou a mocinha ainda sofrendo pelo relacionamento anterior que havia terminado, e que no jogo de beisebol vê o atleta (também bonito) do time, literalmente, cair em seu colo. Assim, tudo bem superficial mesmo.

O problema de obras como Nosso Último Verão não se encontra em seu ideal romantizado, mas na construção de tramas magras, sem brilho algum, que são facilmente esquecidas segundos após terem sido vistas tamanha a previsibilidade imposta no roteiro, isso sem contar os personagens unidimensionais.

O que sobra? O carisma de alguns atores do elenco para encantar o público em uma história repetida, sem qualquer personalidade marcante. Não é o suficiente, mas é o que temos para hoje!

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