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Crítica | A Maldição da Chorona

A Maldição da Chorona é a nova aposta da Warner para o seu popular universo sobrenatural de terror que gira em torno da franquia estabelecida por Invocação do Mal. Dentro de uma possível expectativa gerada pelo universo compartilhado, o longa não se sobressai aos carros chefes. Embora, passe longe de ser tão frustrante quanto A Freira, até mesmo por não ter sido tão anteciado quanto o spin off de Invocação do Mal 2. Contudo, o filme seria uma ótima oportunidade para mostrar o potencial de expansão desse universo. Mas isso foi desperdiçado.

A obra segue o modo clássico, e consequentemente o mais fácil e o mais explorado, na hora de propor sua narrativa de terror. A elegância com a qual é conduzido o roteiro nos principais filmes da franquia não aparece, o que faz com que o filme não traga nada de novo para o gênero. Ainda assim, ele funciona bem dentro de sua lógica proposta. O longa consegue conduzir a sua tensão mesmo sendo pouco surpreendente no seu enredo. Vale destacar que o roteiro de Mikki Daughtry e Tobias Iaconis flerta em diversos momentos em se propor fazer um filme episódico, visando algo maior do que sua uma hora e meia de duração. Mas o pensamento estava voltado mais para fazer um filme por si só.

Assim, o que poderia ser um filme mais ousado para o estúdio e mais sintonizado com o mercado mais rentável acaba por não ousar e trazer uma pequena e desnecessária ligação com a franquia a qual pertence e não precisaria pertencer. Com cinco obras já lançadas, e ao menos mais duas em produção, era de se esperar um elo mais interessante do que simplesmente confirmar que os acontecimentos pertencem a mesma realidade. Por isso, seu intuito de se mostrar presente em universo já existente é frustante ou, no máximo, dispensável.

Por outro lado, a direção de Michael Chaves se mostra muito interessante dentro do genêro, chegando a ser comparável ao trabalho desenvolvido por James Wan nos filmes protagonizados por Patrick Wison e Vera Farmiga. Ao lembrar que Chaves será responsável por dirigir Invocação do Mal 3, os fãs podem ficar tranquilos quanto as cenas que devem lhe criar o suspense necessário ao terror. O diretor encontra formas bastantes criativas de colocar o sobrenatural em tela, respeitando o clima proposto pelo universo compartilhado. Nesse ponto, a obra se mostra de fato uma espécie de spin off de Invocação do Mal. Contudo, há de se dizer que falta a elegância de Wan em cenas mais comuns dos péssimos diálogos mundanos que existem na obra, nunca fugindo de um básico plano e contraplano.

A atuação em geral vai bem, com destaque para Linda Cardellini que, cada vez mais familiar aos olhos do público, mostra que consegue segurar o protagonismo de um filme deste tamanho sem precisar de outras estrelas para abrilhantar os papéis coadjuvantes. Quando há algum problema com sua personagem, esse deve ser atribuído ao péssimo trabalho de elaboração de diálogos do filme. Em alguns momentos, as cenas chegam até a ficar confusas e, em alguns poucos outros, talvez até sem nexo. Há ainda que se dizer que a escolha de como conduzir a história com a personagem de Cardellini fica um tanto falha, e o espectador pode acabar por questionar demais suas atitudes e ações, o que é um mal de grande parte das protagonistas do gênero. Outro papel que pode ficar estranho dentro do enredo é o interpretado por Raymond Cruz. Dentro do que o longa se propõe, sua personagem distoa com suas recorrentes frases de efeito e toda sua pinta de protagonista de filmes de ação dos anos 80.

No geral, A Maldição da Chorona deve agradar o público habituado ao gênero, já que seu forte é justamente na criatividade ao dar vida ao seu “monstro” e na movimentação da câmera que, junto da trilha sonora, conseguem criar bons climas de tensão no espectador. Para aqueles de olhar mais exigente, o filme não deve também desagradar como foi o caso de A Freira, mas tampouco satisfará quem for ao cinema procurando a elegância de Invocação do Mal.

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