Filmes

Crítica | Encantado

Não! A animação musical de coprodução canadense e americana, não é uma versão masculina da produção da Walt Disney Pictures, Encantada, lançada em 2007, estrelando Amy Adams. Quem dera fosse! Assim, teria poupado boa parte do público dos curtíssimos noventa minutos de grande tédio, ao menos para os adolescentes e adultos. Agora, crianças menores deverão curtir bastante, sejam pelas cores, bichinhos fofinhos, pelas princesas, por uma ou outra cena de luta com espadas, sem contar as músicas tipicamente edificantes, comuns em animações deste tipo. E, certeza que as criancinhas nem irão se importar, ou perceber quando alguns destes personagens desafinam na hora de cantar como um canário da floresta.

Encantado do diretor Ross Venokur nos apresenta o conto sobre o Príncipe Felipe, que quando apenas um bebê, foi amaldiçoado pela bruxa Morgana com um feitiço capaz de fazer com que todas as mulheres do reino se apaixonem por ele, imediatamente que o vêem. Desta maneira, ao salvar as princesas Bela Adormecida, Cinderela e Branca de Neve, acaba noivando com as três. E, tal magia só poderá ser quebrada quando este, encontrar o amor verdadeiro, uma missão difícil, pois todas as mulheres se derretem a seus pés, sem qualquer esforço do príncipe. Quando ordenado a cumprir três etapas, em direção à Montanha de Fogo, ele será ajudado pela ladra Leonora Quinonez, que é imune ao seu charme.

Produzido por John H. Williams, renomado produtor na área de animação, com filmes da franquia Shrek e sua obra derivada Gato de Botas, além de Space Chimps – Micos no Espaço, Encantado apenas consegue dizer mais do mesmo, porém de maneira bem menos inspirada, principalmente se comparado a série de longas sobre o ogro verde de temperamento difícil.

Encantado não tenta esconder que rouba alguns dos elementos dos três primeiros filmes de Shrek, porém, de maneira muito comedida, bem longe de abraçar a estranheza atraente de seus predecessores, que visaram fundir o clássico com o alternativo, entregando uma mensagem positiva sobre acreditar em si mesmo, e saber dar valor à nossa própria imagem, da maneira como ela é. Esta maneira mais comportada da animação de Ross Venokur torna a obra mais insossa, sem graça, asséptica. Algo que será esquecido facilmente, logo após a primeira curva ao sair da sala de cinema.

Eis alguns dos elementos que serão encontrados no longa de Venokur, similares aos da franquia sobre o ogro mal-humorado: o protagonista Príncipe Encantado, um tipo playboy mimado que antes era um filhinho de mamãe, mas agora é um filhinho de papai; as princesas, que em Shrek Terceiro cantam Immigrant Song da banda de rock Led Zeppelin, e usam o sapatinho de cristal como um bumerangue, e no filme atual, apenas cantam em uníssono sobre o orgulho de ter um homem como seu maior troféu.

Sorte que a imagem das três princesas dondocas, tem um contrabalanço de real valor que é exaltado pela personagem da ladra Leonora Quinonez, com a voz de Larissa Manoela na versão brasileira, a única personagem minimamente carismática em Encantado. A esperta e audaciosa gatuna é a singular personagem do longa de animação que apresenta uma construção e tratamento mais instigantes de se acompanhar, diferentemente do Príncipe Felipe, cujas mudanças passam longe do memorável.

Certamente, as maiores qualidades do projeto de Ross Venokur se encontram nos traços e efeitos de computador, que dão vida à animação. Estes fatores serão certeiros para o entretenimento do público infantil, que nem sempre compreende a história sendo contada a eles, mas que fica fascinado e hipnotizado com as cores e movimentos, e aprecia humor do tipo físico, como quando Leonora dá uma joelhada no Príncipe Felipe.

Assim também com as músicas, feitas para grudar na mente esponjosa das crianças, ou cada um não conhece ao menos um garotinho ou garotinha que fique cantando aos brados as letras de ‘Livre Estou’ de Frozen – Uma Aventura Congelante, ou ‘Saber Quem Sou’ de Moana: Um Mar de Aventuras?

A vibração das canções em filmes de animação é tamanha que os pequeninos nem notarão quando seus queridos personagens arranham os tímpanos em um ou outro momento. Para estes, tanto faz, o que importa são as chances dadas para se divertirem, já os pais que acompanharão seus pequenos rebentos terão que fazer algum esforço para se manterem atentos à tela do cinema. Talvez, se conseguirem concentrar na alegria de seus filhos, os quase noventa minutos passem voando!

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