Séries

The Flash | Primeiras Impressões - 5ª Temporada

Dentre todas as séries da DC produzidas pela CW, que orquestra um verdadeiro universo compartilhado com produções como Arrow, Legends of Tomorrow e Supergirl, The Flash talvez seja a mais satisfatória delas: um herói de primeiro escalão, alguns dos melhores vilões da editora e núcleos de personagem verdadeiramente envolventes.

Porém, nada disso podia ser encontrado na 4ª temporada das aventuras de Barry Allen, que contavam com um antagonista fraco e núcleos cada vez mais desinteressantes, que constantemente desviavam o foco para os dramas heroicos dos coadjuvantes – que, por mais charmosos que sejam, não alcançam o nível de carisma do velocista protagonista.

Felizmente, Greg Berlanti e os demais produtores da CW parecem ter prestado atenção nas críticas dos fãs, já que a 5ª temporada de The Flash começa com um episódio capaz de nos lembrar de todos os elementos que nos fizeram gostar da série em primeiro lugar, e estão bem resumidos no título: “Nora”.

O episódio começa logo após o final do season finale anterior, com Nora West-Allen (Jessica Parker Kennedy) surpreendendo Barry (Grant Gustin), Iris (Candice Patton) e todo o Time Flash ao revelar que é filha do casal, e que, usando sua habilidade de velocista, viajou do futuro para encontrá-los e pedir ajuda para consertar um problema criado graças à sua interferência na linha temporal. Enquanto todos lidam com a presença surpreendente da viajante, o vilão da semana, Gridlock (Daniel Cudmore), provoca caos ao usar seus poderes elétricos em Central City.

Estruturalmente, seria mais um episódio básico de Flash, com Gridlock sendo uma ameaça simples e passável como mais um “caso da semana”, mas é justamente a presença de Nora que torna tudo tão especial. Adotando uma perspectiva metalinguística, na qual a personagem conhece tudo sobre Flash e suas aventuras passadas, até mesmo citando alguns que ainda não aconteceram – para o desespero de Cisco (Carlos Valdes), que reclama do spoiler de uma luta entre Gorila Grodd e o Rei Tubarão. É particularmente especial especial quando Nora recupera o traje da primeira temporada, afirmando ser um clássico e sendo altamente simbólico porque esse episódio de fato parece ter sido produzido naquele ano.

O roteiro de Todd Helbing e Sam Chalsen se diverte em criar uma relação curiosa e embaraçosa entre Nora e seus pais, já que todos temem algum distúrbio na linha temporal, e quando não está bolando piadas inspiradas com as diferenças deste futuro hipotético (com gírias que jamais são explicadas), Helbing e Chalsen fazem o que The Flash faz como nenhuma outra série do Arrowverse é capaz: emoção genuína, porque definitivamente não podemos duvidar do tamanho do coração dessa série, mesmo em seus piores momentos.

Aqui, chega a ser melancólico quando Barry e Iris discutem sobre a existência de sua filha, e como o velocista se sente “privado” de uma vida normal, já que o casal não foi capaz de conhecer sua filha no processo normativo da vida, e sim através de mais uma circunstância inesperada com viagens no tempo. Fica ainda mais significativo quando Nora revela seu real propósito de ter viajado para aquela época, que traz ecos profundos da primeira temporada – em mais uma forte conexão com o ano debutante da série. Não entrarei em detalhes para evitar spoilers, mas é um objetivo que pode durar toda a temporada, solidificando ainda mais o arco de Nora nessa linha do tempo – e com a performance magnética da atriz, é um alento ter essa realização.

Em termos de ação, “Nora” não apresenta algo tão memorável para a série, que ainda tem suas deficiências com efeitos visuais. Não que seja um problema, visto que todo o episódio gira em torno de questões centradas em personagens, e é justamente por isso que o clímax, que une Flash com seu espetacular novo uniforme, Kid Flash (Keynan Lonsdale) e Nora, sob a identidade de XS, precisam impedir Gridlock de derrubar um avião no centro da cidade. A representação visual da união dos velocistas para literalmente fazer a força (da aceleração) é um momento belíssimo, ainda mais por trazer uma inesperada inspiração do Harrison Wells (Tom Cavanagh, ainda ausente aqui) da 1ª temporada, quase como se Barry aceitasse se tornar o líder que precisa ser.

Em um episódio que sente ao mesmo tempo novo e saudosista, quase homenageando a si mesmo, The Flash retorna em ótima forma e com um brilho que não víamos a muito tempo. Não só pelo humor afiado e o coração no lugar certo, mas especialmente pela carismática Jessica Parker Kennedy, que pode ser a arma secreta da nova temporada.

The Flash | XS aprende a ser uma velocista em prévia do próximo episódio

Sair da versão mobile