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Big Little Lies | Crítica - 2ª temporada - Episódio 1

Lançada originalmente como minissérie em 2017, Big Little Lies foi um dos maiores sucessos de crítica da História da HBO. Carregada por um elenco espetacular e uma adaptação empolgante para uma boa obra, por anos foi discutido e insistido para que a emissora produzisse uma continuação, necessitando o desenvolvimento de uma história que fosse além daquela mostrada no livro Pequenas Grandes Mentiras, de Liane Moriarty. 

O desejo da HBO e dos fãs foi realizado com o anúncio da segunda temporada, que transforma a produção agora em uma série dramática de longa forma, e que já mostra o tamanho da repercussão ao contar com a grande Meryl Streep como grande adição de seu elenco já formidável. E se tem algo que podemos tirar deste episódio de estreia, intitulado de “What Have they Done” é que Big Little Lies certamente vai ganhar muito com essa adição prestigiosa, ainda que seus temas e rumos de história ainda não tenham sido especificados.

Logo nos segundos iniciais, Streep já se mostra como uma presença forte. Ela vive Mary Louise, mãe de Perry (Alexander Skarsgard) que se aproxima de Celeste (Nicole Kidman) para ajudar a cuidar dos netos e também, através de questionamentos pouco sutis, tentar descobrir a verdade sobre a morte de seu filho. É algo que toda a comunidade de Monterey parece se perguntar, já que o grupo formado por Celeste, Madeline (Reese Witherspoon), Jane (Shailene Woodley), Renata (Laura Dern) e Bonnie (Zoe Kravitz) é referido como “As Cinco de Monterey”, por estarem juntas no instante em que Perry foi morto – mas com a desculpa oficial de que ele tropeçou e caiu.

A tensão é mais direcionada para Bonnie, personagem que não teve um grande destaque na temporada passada, mas que promete se tornar mais importante aqui; afinal, foi ela quem empurro Perry escadaria abaixo, e começa esta temporada sofrendo de culpa. É um arco mais interessante do que aquele onde Madeline se encontra, ainda lidando com a rebeldia de sua filha Abigail (Kathryn Newton), agora interessada em não fazer faculdade para lidar com causas de caridade. Renata também precisa encontrar algo o que fazer na história, enquanto Jane tem um possível interesse amoroso com um de seus colegas de trabalho em uma pet shop (ainda que a cena onde dança ao som de “Mystery of Love” tenha sido um toque de sensibilidade forçado demais). Mas ao menos o arco de Jane garante um bom diálogo com Celeste, onde abordam o fato de que ela foi amante de Perry no passado.

Mas não há dúvidas, o grande destaque é Meryl Streep. Mary Louise surge como uma figura que se esforça para manter as aparências e a cordialidade, mas que acaba se deixando levar por suas reais intenções – vide a ótima cena em que acidentalmente deixa escapar como Madeline é baixinha e que “não confia em pessoas pequenas”. A cena do jantar com Celeste e os meninos também traz muito dessa bomba-relógio interna, que resulta em Streep gritando na mesa para desabafar a perda de seu filho. Uma grande cena, e que ganha mais força graças ao trabalho surreal de Streep, que deve figurar na premiação do Emmy quando esta acontecer.

Uma das ausências nesta segunda temporada de Big Little Lies é também um dos elementos que mais lhe conferiu personalidade no primeiro ano: a direção de Jean Marc-Vallée. Premiado com Emmy, Globo de Ouro e incontáveis prêmios por seu trabalho, o cineasta trouxe sua narrativa característica com digressões temporais, flashbacks e cortes peculiares, algo que foi mantido ao longo dos 7 episódios que dirigiu em 2017. Com a entrada de Andrea Arnold no episódios de estreia, Big Little Lies permanece a mesma série. A paleta de cores mais fria e com céus nublados está de volta, a câmera na mão para tornar os diálogos tensos e também o mesmo esquema de montagem marcam presença aqui, em uma boa replicação do trabalho de Vallée.

O retorno de Big Little Lies em sua segunda temporada mantém o padrão de sua antecessora. Mesmo sem Jean Marc-Vallée, a direção e o estilo premiado estão aqui, e se ainda não temos um norte claro para onde a história vai caminhar, ela se torna mais instigante graças à presença de ouro da excelente Meryl Streep, que promete sacudir Monterey e o grupo principal.

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