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The Flash | Crítica - 5ª temporada

Dentre todas as séries da DC produzidas pela CW, que orquestra um verdadeiro universo compartilhado com produções como Arrow, Legends of Tomorrow e Supergirl, The Flash talvez seja a mais satisfatória delas: um herói de primeiro escalão, alguns dos melhores vilões da editora e núcleos de personagem verdadeiramente envolventes. Quer dizer, a mais satisfatória em um nível “tradicional”, já que Legends of Tomorrow é de longe a mais divertida, justamente por seus constantes surtos e nonsense, mas isso é assunto para outro dia.

Porém, nada disso podia ser encontrado na 4ª temporada das aventuras de Barry Allen (Grant Gustin), que contavam com um antagonista fraco e núcleos cada vez mais desinteressantes, que constantemente desviavam o foco para os dramas heroicos dos coadjuvantes – que, por mais charmosos que sejam, não alcançam o nível de carisma do velocista protagonista. Foi também a temporada que mais apostou na fórmula desgastada do “meta-humano da semana” e se arriscou em ideias ruins, como no infame episódio em que Iris West (Candice Patton) ganha os poderes de Barry.

Felizmente, Greg Berlanti e os demais produtores da CW parecem ter prestado atenção nas críticas dos fãs, já que a 5ª temporada de The Flash é definitivamente melhor do que o ano anterior, principalmente pela entrada da velocista Nora West-Allen, vivida por uma energética Jessica Parker Kennedy. Por outro lado, o cansaço na velha estrutura do vilão da semana é mais aparente do que nunca nesta temporada, ainda que hajam alguns lampejos de temas empolgantes. 

E talvez o grande fator que provoque a fadiga desta nova temporada de The Flash seja o vilão. Por boa parte dos episódios, Cicada se mostra um antagonista sem graça e com pouco impacto em cena – especialmente no visual, que surge pouco inspirado. É válido que a série tente trazer um pano de fundo dramático e trágico para o personagem, que age em vingança contra meta-humanos após um evento traumático que colocou sua sobrinha em risco – uma decisão interessante, até porque o evento envolve justamente o clímax da temporada passada, outro elemento constantemente retomado pela aparição de Nora.

A situação até fica um pouco mais divertida quando temos uma segunda versão de Cicada. A sobrinha do vilão original vem do futuro para tentar destruir a equipe Flash, e acaba substituindo seu tio no manto de grande antagonista da série. Melhora, mas não a ponto de tornar o vilão mais interessante. Porém, ao menos temos o inesperado retorno de Eobard Thawne, o Flash Reverso, que se revela como grande vilão por trás de Nora e sua viagem no tempo.

É uma boa reviravolta no midseason, mas cuja exposição para Barry rende longos episódios de falsas ameaças e momentos de “vai ou não vai”. Quando o momento chega, é através de um eficiente episódio dirigido pela atriz Danielle Panabaker, que é todo ambientado no futuro e revela a origem de Nora, sua relação distante com Iris, como ganhou seus poderes e a aproximação calculada com um Eobard encarcerado – e até a preparação de terreno para o Deus da Velocidade, que por si só deve render um antagonista muito mais interessante na próxima temporada.

Mas The Flash trouxe alguns pontos altos em termos de vilões ao longo da temporada. Em um exemplo de filler mais proveitoso que a CW é capaz de fazer, temos um episódio vendido na premissa de um embate entre Gorila Grodd e Tubarão Rei, que definitivamente faz jus pela antecipação. Mas o melhor elemento indubitavelmente foi o sinistro Boneco de Pano, que garantiu cenas de contorcionismo impressionantes graças ao acrobata Troy James (também presente no fraco reboot de Hellboy), além de um tema musical perturbador.

Toda a relação entre Barry, Iris e Nora é que o faz valer o lado “dramático” da quinta temporada de The Flash. A série da CW sempre foi eficiente em arrancar momentos emotivos a partir de situações improváveis, e o grande mérito nesse arco foi ter uma encantada Nora finalmente conhecendo seu pai, e também afeiçoando-se por um lado de sua mãe que ela nunca conheceu em seu futuro distante; e tanto Grant Gustin quanto Candice Patton e a carismática Jessica Parker Kennedy arrebentam nesse lado mais tocante.

O mesmo infelizmente não pode ser dito para os coadjuvantes da Equipe Flash, cada vez mais desinteressantes. Cisco (Carlos Valdes) deixou de ser um personagem interessante desde que transformou no Vibro, e tivemos mais uma promessa de romance que pode enfim satisfazer o desejo do ator de deixar a série; mas confesso que o fato de Cisco perder os poderes ao final da temporada oferece uma oportunidade para rever os conceitos do personagem na próxima temporada. Caitlin Snow (Panabaker) teve mais conflitos com sua identidade de Nevasca e também com seu pai, o vilão Geada, mas nada que a série já não tenha feito melhor no passado.

Quanto ao novo Wells da temporada, Tom Cavanagh não se destaca com Sherloque, uma versão caricatural demais e pouco charmosa do personagem que gostamos tanto. O ator está ótimo, e tem o trunfo de ter a performance de Eobard Thawne em apoio, mas é facilmente o Wells mais desinteressante até o momento.

E como a CW já anunciou que Crise nas Infinitas Terras será o próximo crossover do Arrowverso, o finale da temporada traz pistas importantes. Por mais que tenha tido seus erros, o clímax de “Legacy” é corajoso ao brincar com conceitos de viagem no tempo divertidos, especialmente envolvendo a importância da adaga de Cicada em eventos futuros, e também as consequências de certos atos. O fato de que Nora West-Allen desaparece da existência nos braços do pai é uma decisão ousada e dramática, bem executada por Gustin, Kennedy e também bem capturada pela direção de Gregory Smith.

De alguma forma ainda não revelada, mas que os fãs já podem deduzir, os eventos de “Legacy” levarão ao desaparecimento do Flash e o desencadeamento da Crise nas Infinitas Terras. Além disso, os eventos da temporada acabaram por adiantar o evento, que acontece já em 2019; em uma forma também de manter a continuidade com Arrow, que já havia “salvado a data” em seu próprio season finale.

A quinta temporada de The Flash certamente é um aprimoramento após o fraquíssimo quarto ano, mas também segue evidenciando o cansaço da série em diversos pontos. Não fosse a força do arco envolvendo a ótima Nora West-Allen, teria sido mais uma temporada descartável. Felizmente, o velocista ainda garante seus momentos, mas já passou da hora de uma renovação.

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