Séries

Titãs | Crítica - 2ª temporada - Episódio 1

A mais recente empreitada de séries da DC pode estar se mostrando mais discreta do que se esperava inicialmente, mas o carro-chefe destas produções, TItãs, ainda permanece chamando atenção, e retorna para sua segunda temporada como se nunca tivesse ido embora. 

O serviço de streaming DC Universe começou com a promessa de trazer diversas séries inéditas que adaptariam histórias das HQs da DC, algumas delas que dificilmente teriam a chance de sair das páginas em qualquer outra plataforma. Titãs foi a produção que deu início a estes planos, e embora sua estreia tenha sido um tanto conturbada e divisiva, o resultado final da primeira temporada acabou sendo moderadamente positivo. Alguns fãs reclamaram de problemas de fidelidade, enquanto outros se incomodaram com a linguagem mais “madura” adotada pela série, e a julgar por este primeiro capítulo do novo ano, é difícil dizer se tais críticas foram levadas em consideração. 

A questão é simples. Este primeiro episódio da segunda temporada é, na verdade, o verdadeiro último episódio da primeira. Estruturalmente, não há dúvidas quanto a isso, já que tanto o arco de origem de Ravena (Teagan Croft), quanto do grupo em si, foram devidamente concluídos com este capítulo. Tivemos o esperado embate (ainda que breve) contra Trigon, e vimos Dick (Brenton Thwaites) finalmente assentar seus conflitos com Bruce, resultando em uma “nova” formação dos Titãs com torre e tudo (pode não ser em formato de “T”, mas quem sabe com o tempo). 

Sendo assim, o episódio ainda segue toda a abordagem que vimos na série até aqui. A fotografia continua escura, prezando atmosferas desconcertantes, e a violência gráfica continua sendo evidenciada. Neste capítulo específico, no entanto, tal abordagem visual soa mais adequada para gerar a atmosfera de terror proporcionada pelas ações de Trigon, com os Titãs se enveredando por “pesadelos” que acabam extraindo suas piores formas e falhas. Estas pequenas sequências aterrorizantes também são outro aspecto que soa muito melhor encaixado como parte de uma conclusão para a trajetória até aqui, do que como o início de uma nova fase. 

Ravena, então, se aproxima ainda mais de seu visual típico das HQs durante seu confronto com Trigon, e o vilão que vinha sendo construído durante todo o primeiro ano é mandado embora sem muita cerimônia. O foco, claramente, está na resolução do arco da personagem, mas seria ingenuidade de qualquer fã pensar que esta foi a última vez que os roteiristas da série pretendem usar o pai de Ravena como uma ameaça ao grupo. 

O que temos, no entanto, é um gancho indicando que o Exterminador deve se tornar o próximo grande antagonista para esta temporada. Isso traz à tona um dos problemas que apontei durante o primeiro ano: Titãs parece não se decidir se quer se emancipar completamente do material original e ser apreciada de forma independente, ou se aproveitará a familiaridade do público com estes personagens e continuará capitalizando em cima de fan-services e elementos reconhecíveis. Se este episódio tivesse vindo para encerrar a primeira temporada, eu provavelmente teria me decidido pela segunda opção com mais convicção em minha análise anterior, e julgaria a série, no mínimo, mais consistente do que ela se mostrava, até então.  

Diversas partes deste episódio se mostram tão essenciais para cumprir a missão de introduzir uma nova versão destes famoso grupo de super-heróis, tanto para fãs, quanto para um novo público, que chega a ser desconcertante tentar entender esta divisão de temporadas. A conversa entre Dick e Bruce (Iain Glen) só deixa o caminho ainda mais propício para a evolução do personagem e sua devida consagração como “Asa Noturna”, e a série, enfim, poderá levar adiante suas histórias com o grupo sem precisar se manter restrita pelas típicas necessidades de histórias de origem. Todas as peças estão em posição para uma nova e mais flexível fase da série. 

Esperemos, então, que o segundo episódio traga novos ares e indique, com mais determinação, os rumos que a temporada deve seguir. Embora eu duvide que a atmosfera depressiva da série seja muito alterada, é possível prever que, com a equipe cada vez mais próxima e personagens diferentes sendo introduzidos, o tom emocional da narrativa vá se tornando mais convidativo. Titãs continua sendo uma produção ideal para explorar cantos do universo DC repletos de potencial para a televisão, mas há de se dar atenção à estrutura, para que suas construções narrativas possam alcançar o devido impacto com público.

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