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Crítica | Ela

Quem é você? O que você pode ser? Aonde você vai?

“Nunca amei ninguém como você…” quando o personagem Theodore diz essa frase, realmente, nem ele nem ninguém nunca amara alguém como Samantha.

Theodore é um homem solitário, calmo e sem muitas ações, que vive em um mundo tecnológico, em que basta uma fala e tudo se resolve (jogo, smartphone etc.). Recém-divorciado, ainda guarda as lembranças do amor vivido com Catherine, que trabalha escrevendo cartas emocionais para quem não tem o dom das palavras, ou seria das emoções? Pois bem, certo dia ele conhece Samantha e, a partir daí, não se desgrudam mais, a todo o momento estão se falando, rindo e compartilhando suas emoções e suas dores de amores, um relacionamento que tinha tudo para dar certo se não fosse por um pequeno problema: Samantha é um OS (Sistema Operacional).

Ela é um filme escrito e dirigido por Spike Jonze, o mesmo que já nos entregou histórias surreais e deliciosas de se ver (Onde Vivem os Monstros, Adaptação, Quero Ser John Malkovich) e sua pegada na direção faz toda a diferença na história que é contada.

Em Ela, Spike Jonze consegue transmitir a rapidez do mundo atual envolto na tecnologia que está cada vez mais nos consumindo, visto que estamos sempre conectados e mais sozinhos… Sim, podemos ter outros tipos de relações, como as virtuais, relações essas que podem ser intensas e efêmeras, assim como a vida, e que podem deixar marcas e aprendizado para o resto da vida.

Já disse o poeta: “dizem que o mal do século é a solidão”, a mesma solidão por que passa Theodore, que, ao conhecer Samantha, apega-se com toda a força que tem a essa válvula de escape. Mas é isso que o personagem quer, ou seja, alguém com quem conversar, amar e se sentir amado. Joaquin Phoenix nos transmite bem toda essa docilidade e verdade por meio de seu caminhar frágil, seu olhar terno e seu semblante sempre parecendo que apenas precisa de um colo e que está sozinho no mundo. A voz de Samantha, feita por Scarlett Johansson, é uma de suas melhores interpretações sendo que ela não aparece em momento algum do filme, mas aquela voz é de uma delicadeza, de uma ternura e de uma realidade que o corpo é um mero detalhe. A trilha sonora é um ponto alto do filme, com músicas de Karen O e Arcade Fire que permeiam toda a melancolia, solidão e devaneios por que Theodore passa.

Quem é você? O que você pode ser? Aonde você vai?

São perguntas que podem ser feitas no decorrer das nossas vidas e muitas vezes não temos as respostas, pois o ser humano está em eterno estado de movimento. O filme Ela é isso, está em movimento, não sabemos para onde iremos nem quem somos. Nesse caso, o melhor a se fazer é deixar a emoção fluir, de uma forma que possa, mais a frente, dar-nos a sensação de que foi bom e valeu a pena.

Ela está disponível em DVD e Blu-Ray.

Ela

Por Vavá Pereira
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