Além de assinar o cartaz da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o artista chinês Ai Weiwei traz para esse festival seu mais novo documentário: Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir.
O documentário se dedica, em seus 140 minutos de duração, a explorar a crise de migração que ocorre atualmente no planeta, focando nas situações de extrema dificuldade vividas pelos refugiados de inúmeros países da Ásia, África, Europa e até da América que não podem voltar para seus países, além do posicionamento político das nações que os recebem (ou que os expulsam).
Ao explorarmos o histórico de Ai Weiwei, sabemos que seu pai foi um perseguido político e de que o próprio artista é um refugiado de seu país. Vivendo atualmente na capital da Alemanha, Weiwei tem plena consciência que é privilegiado em relação às pessoas retratadas em seu filme, mas notamos aí o ponto de partida de seu interesse em retratar essa questão tão discutida na atualidade: O artista também é um refugiado de seu país de origem.
O caráter humanista da obra e a proximidade com que Weiwei dialoga com seus entrevistados – sempre mostrando uma preocupação e tentando demonstrar o respeito que tem por aquelas pessoas – acaba nos mostrando um lado ainda mais umbrífero dessas migrações que podem acabar passando despercebidos (ou mesmo sendo deliberadamente ignorados) por parte da mídia: A triste situação em que essas pessoas são obrigadas a sobreviver.
Por mais que o filme possa parecer se tornar demasiadamente longo, Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir é um documentário extremamente necessário para os nossos tempos, mesmo que seja bastante difícil de ser assistido por mostrar as condições subhumanas em que milhões de pessoas são forçadas a viver por simplesmente não poderem continuar em seu país de origem.
O filme encontra seu maior mérito justamente por não se propor a encontrar soluções nessa questão tão complexa, mas por mostrar com sobriedade a tenebrosa realidade do dia a dia desses refugiados. Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir é um filme que definitivamente merece ser assistido na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.