Críticas

Mostra SP | Crítica: Pororoca

Para quem acompanha alguns dos principais festivais de cinema do mundo fora do eixo anglo-americano, e tem interesse no que comumente é chamado de world cinema, não é preciso dizer que o Novo Cinema Romeno é um dos movimentos mais prolíficos da atualidade.

Em 2007, quando o filme 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, dirigido por Cristian Mungiu, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o mundo se virou para olhar o cinema que estava sendo feito na Romênia e, principalmente, para realizadores como Mungiu, Cristi Puiu, Corneliu Porumboiu, Cristian Nemescu e vários outros ótimos cineastas contemporâneos daquele país. 10 anos depois da Romênia levar uma Palma de Ouro, Constantin Popescu lança o filme Pororoca, sem dúvida um dos mais impactantes filmes de 2017.

No longa, Cristina e Tudor Ionescu têm dois filhos, uma garota de 5 anos de idade, Maria, e um garoto de 7, Ilie. Vivendo uma vida confortável e feliz, durante um passeio no parque com o pai em um final de semana, Maria desaparece e a vida dos dois muda subitamente.

Com enormes e complexos planos-sequência (preste atenção no quão longa é a cena do parque em que a garota desaparece e no quão intricado – e violento – é o plano final do longa), mesmo que o filme se alongue um pouco especialmente no segundo ato, o que poderia se tornar cansativo serve como um retrato angustiante de um homem que viu sua vida desmoronar e que tenta desesperadamente encontrar o responsável pelo desaparecimento de sua filha.

Alguns movimentos de câmera nesses longos planos são quase sísmicos e se opõem veementemente à letargia do cotidiano – e do apartamento – esvaziado do protagonista Tudor, que vai perdendo cada vez mais o controle da situação (e de sua própria sanidade).

Mesmo se estendendo um pouco nos 153 minutos de projeção, Pororoca é um filme assombroso e angustiante que vale cada segundo e, além de ser mais uma prova de que o cinema Romeno está entre os melhores da atualidade (isso se não for o melhor), é sem dúvida um dos filmes mais impressionantes exibidos nessa 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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