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Crítica | Transparent – 1ª temporada

É uma pena que o seriado Transparent não tenha encontrado espaço na grade da programação televisiva brasileira. Produção original do serviço de streaming da Amazon, Transparent arrebatou 2 Globos de Ouro, incluindo a categoria melhor série de comedia.

Não enquadraria Transparent em comédia, seria melhor qualificado como uma dramédia, misto de drama com cenas pontuais cômicas. Ao assistir os 10 episódios da primeira temporada, pude entender a relevância do projeto ao tratar de temas espinhosos como o universo dos crossdressers ou abordar sexualidade de forma aberta, sem papas na língua.

Em linhas gerais, Transparent trata sobre uma importante passagem na vida do personagem interpretado por Jeffrey Tambor. Ele decide se tornar Maura Pfefferman, uma mulher de seus sessenta e poucos anos que, após ter seus filhos criados, assume a personalidade feminina que sempre escondeu do público. No intimo, Maura já dava suas escapadas para este universo paralelo, o que acabou encerrando seu matrimônio com Shelly, interpretada pela sensacional e hilária Judith Light.

Nesta primeira fase de Transparent, o enfoque foi todo centrado na família de Maura. São três filhos: Ali, Sarah e Josh. Enquanto Josh é um produtor musical bem sucedido e ninfomaníaco, Ali é uma garota inteligente que não consegue achar seu caminho e nunca consegue parar em um emprego. Por fim, temos Sarah, a mais velha, que depois de ter dois filhos e alcançar um casamento estável com Len, decide investir em uma paixão avassaladora desencadeada pelo retorno de sua antiga paixão, Tammy.

Em Transparent não existe barreiras para sexo e amor, somos apresentados a uma série de personagens que se envolvem uns com os outros de maneira bastante intensa, independentemente da sexualidade. Sexo aqui não é tabu, é apenas uma vazão de desejos exacerbados que estes personagens sentem ao longo do caminho.

Com um estilo de narrativa bem semelhante a obras de diretores como Alexander Payne ou Noah Baumbach, a série da Amazon diverte em razão das situações absurdas que os filhos de Maura se metem, e não são poucas.

O que carrega Transparent não é o roteiro em si (muito bem elaborado, por sinal, com diálogos afiados), mas as atuações do elenco. O cast é fantástico e digo isso em relação aos atores fixos e aos coadjuvantes que conseguem segurar muito bem aquele universo bastante estranho para muita gente.

Jeffrey Tambor compõe uma Maura absolutamente complexa, é como se o telespectador fosse descobrindo junto com ela as sensações e mudanças que o pacote de se assumir como crossdresser traz embutido. Nada mais natural que o ator fosse laureado com o Golden Globe de melhor ator de seriado de comédia.

O seriado traz um tema importante para ser discutido nas rodas de bar e nos debates familiares. Se no Brasil temos o caso bastante debatido do cartunista Laerte, em Transparent vemos uma legião de homens que assumem este lado feminino e seguem adiante com todos os riscos envolvidos em uma sociedade ainda careta no século XXI. É material importante para a comunidade LGBT emplacar um seriado com este tema.

A critica foi positiva e o seriado já garantiu mais duas temporadas. A família Pfefferman nunca foi tão badalada!

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