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Filme exibido em Cannes reacende polêmica sobre Papa Pio XII; veja trailer

2015 é o ano no qual celebra-se os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, em uma celebração como esta, naturalmente aparecem discussões e debates sobre este triste acontecimento e daqueles que participaram, direta ou indiretamente, dele.

Uma das figuras mais polêmicas desse período é a do religioso italiano Eugenio Pacelli, que ficou mais conhecido como o líder da Igreja Católica Papa Pio XII (1876-1958). Seu pontificado iniciou-se em 1939, alguns meses antes do conflito e, durante esse período, sua atitude diante das atrocidades cometidas pelos nazistas, especialmente contra os judeus, foi muito criticada, pois ele teria silenciado e se omitido diante do que acontecia. Sua suposta omissão valeu-lhe a alcunha de “Papa de Hitler”.

Em 2002, o cineasta greco-francês Costa-Gavras (veja aqui sua mais recente entrevista) lançou o filme Amen, no qual sustenta a tese de silêncio e omissão tanto de Pio XII quanto da Igreja Católica a respeito do Holocausto judaico. Porém, em 2015, um filme britânico independente defende a tese contrária, que Pio XII salvou milhares de pessoas e seria, na verdade, o “Papa dos Judeus”.

Trata-se de Shades of Truth (em inglês, “Sombras da Verdade”), dirigido pela cineasta, roteirista e produtora italiana Liana Marabini. O filme foi exibido fora de competição no Festival de Cannes deste ano e conta a história de um nova-iorquino (o estadunidense David Wall) que, em uma jornada pessoal, parte em busca da verdade sobre Pio XII. A produção ainda conta com as participações do francês Christopher Lambert (Highlander) e dos italianos Giancarlo Giannini (Lili Marlene) e Roberto Zibetti (Beleza Roubada), este no papel do Sumo Pontífice.

A diretora Liana Marabini, que também é a autora do roteiro, defende Pio XII como o Papa mais incompreendido da história baseada em testemunhos e documentação de mais de 100.000 páginas e afirma que:

 “Às vezes, não queremos ver a verdade porque ela nem sempre é cômoda. O que a maior parte das pessoas acreditou – e ainda acredita – é que ele era o Papa de Hitler. Isso é falso e quis fazer este filme independente que financiei com a minha produtora para esclarecer este capítulo escondido e cheio de sombras.”

E acrescenta:

“Afirmei que ele era o Schindler do Vaticano, mas foi um erro porque Schindler apenas salvou oito mil judeus enquanto ele salvou um milhão. Comparei-o a Schindler pela coragem, pelos riscos que correu para ajudar os judeus e salvá-los da morte”.

A fundação Pave The Way, dedicada à promoção da paz mundial e liderada pelo judeu Gary Lewis Krupp, afirma que o Papa agiu nos bastidores para impedir a prisão de milhares de judeus e teria conseguido que 550 instituições e colégios religiosos ficassem isentos de inspeções nazistas, permitindo salvar muitas vidas.

Em 2009, Krupp comunicou ao então Papa Bento XVI a iniciativa de incluir o nome de Pio XII no Jardim de Yad Vashem, um memorial existente em Israel no qual são honradas pessoas que ajudaram os judeus durante o Holocausto e são conhecidas como “Justos Entre as Nações”. Entretanto, apesar de toda a documentação e testemunhos apresentados, o governo israelense, até agora, não se manifestou sobre o assunto.

Este é um assunto que tem sido polêmico por muitos anos e promete continuar assim nos anos que virão…

Ainda não há previsão para a exibição do filme no Brasil.

Veja o trailer oficial de Shades of Truth (original em inglês):

https://www.youtube.com/watch?v=JW9U4e5Jo-k

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