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50 Tons de Cinza é usado em defesa de assassinato e causa polêmica

Atenção! A matéria abaixo contém descrições de violência sexual.

John Broadhurst, milionário condenado a três anos e oito meses em regime fechado por ter assassinado Natalie Connolly, será liberado após passar apenas 22 meses encarcerado, informa o The Sun.

O prisioneiro de 41 anos agrediu Connolly, de 26 anos, até a morte, depois dos dois passarem o dia bebendo e usando drogas. Ela foi encontrada, usando apenas uma saia preta, em Kinver, na Inglaterra.

Seu corpo foi encontrado na base de uma escadaria, tendo sofrido mais de 40 ferimentos ao longo do corpo.

Broadhurst fez uso da “defesa 50 Tons de Cinza”, como foi popularizada após o lançamento do filme. Com isso, ele diz que os dois praticaram sexo violento consensual, mas que acidentalmente acabou matando a vítima.

Foi apresentada evidência de que Natalie estava traindo Broadhurst, e que isso poderia ser um ato de vingança, mas ele teve uma sentença pequena, que acabou sendo reduzida.

Defesa 50 Tons

Quem opta por justificar um assassinato usando a “defesa 50 Tons” costuma afirmar que tudo começou como uma relação consensual, e que algum aspecto do sadomasoquismo ou “jogo sexual” deu errado e foi longe demais.

Neste caso, ao eliminar o elemento “intenção” desta equação, o réu pode reduzir as acusações de homicídio doloso para homicídio culposo, conseguindo assim uma pena menor.

Esse tipo de defesa também transfere parte da responsabilidade do assassino para a própria vítima, cujo histórico sexual costuma ser exibido em detalhes nos tribunais e divulgado pela mídia.

Na Inglaterra, membros do Parlamento querem banir essa linha de defesa dos tribunais. Desde os anos 70, pelo menos 60 mulheres foram mortas por “violência sexual consensual” no país.

18 destes casos aconteceram nos últimos 5 anos, e em 45% dos julgamentos, a morte foi considerada acidental, o que gerou penas menores e até mesmo absolvições.

“Mulheres são culpadas por seu comportamento. Suas vidas sexuais sempre são questionadas: se elas são sexualmente ativas, de que tipo de sexo elas gostam, se elas estavam bebendo, mesmo quando essas coisas não tem nenhuma relação com o caso em questão”, afirmou Toni Van Pelt, presidente da National Organization for Women (NOW).

De acordo com a especialista, a utilização da “defesa 50 Tons” serve apenas para culpabilizar as vítimas.

“Não existe ênfase nos homens, e no comportamento masculino. Ninguém se pergunta sobre o histórico sexual deles, o histórico de violências contra as mulheres ou se eles estravam bebendo. A ênfase sempre é que a mulher mereceu o que aconteceu, já que sentiu prazer pela relação sexual”, afirmou Van Pelt.

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