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Ficou confuso? Entenda o que história de Mank quer contar na Netflix

Mank, o novo filme de David Fincher, lançado na Netflix, requer conhecimento prévio por parte do espectador, para que tudo possa ser entendido. Não somente basta ter assistido Cidadão Kane, como faz-se necessário saber alguns detalhes sobre os bastidores do clássico de Orson Welles. Vamos mergulhar nessa questão agora.

Essencialmente, Mank é sobre a política em Hollywood e sobre argumentos de críticos que já duram décadas.

O filme conta com inúmeras referências a brigas da vida real e alianças políticas que formaram Hollywood nas suas primeiras décadas. Trata-se de uma obra sobre um roteirista que percebe que o negócio no qual ele se envolveu é pervertido por pessoas poderosas, com agendas próprias.

Ele, Herman J. Mankiewicz (apelidado de Mank) decide se vingar ao fazer um filme sobre o poderoso magnata da mídia William Randolph Hearst, quem já considerou amigo. O filme é justamente Cidadão Kane.

Mank ainda lida com a questão sobre quem é o verdadeiro responsável por Cidadão Kane: Mankiewicz ou Orson Welles – tal questão é discutida até hoje por críticos e historiadores. Oficialmente, Mankiewicz é creditado como co-roteirista, enquanto Orson Welles é co-roteirista, diretor, produtor e ator.

O filme de David Fincher certamente tende para o lado de Mank, como já deixa claro o título. De fato, ninguém questiona o envolvimento do roteirista na obra e sim o quanto da sua maestria é fruto do trabalho de Mankiewicz.

O longa-metragem da Netflix, contudo, preocupa-se mais na relação do roteirista com William Randolph Hearst, do que resolver esse eterno debate.

Isso fica claro em uma cena de Mank que diz que a mágica do filme é uma combinação do que Mankiewicz escreveu com o que Welles fez a partir disso.

Com tais conhecimentos, é possível aproveitar o longa-metragem da Netflix melhor. Lembrando que assistir Cidadão Kane antes é altamente recomendável.

Mais sobre Mank

Mank é o segundo filme biográfico de David Fincher, após A Rede Social, lançado em 2010.

O roteiro do longa foi escrito por Jack Fincher, o pai falecido do cineasta. Originalmente, o filme seria produzido nos anos 90, mas os planos não se concretizaram.

O filme acompanha a rotina de Herman J. Mankiewicz na época da produção de sua obra mais importante: o roteiro de Cidadão Kane, lendário filme lançado em 1941.

Nos anos 20 e 30, Mank era um dos roteiristas mais famosos de Hollywood. Quando a indústria começou a transição dos filmes mudos para o cinema falado, o escritor se estabeleceu como um dos mais procurados pelos estúdios, graças a obras repletas de sátira e marcadas por personagens complexos.

No auge de sua carreira, Mank conheceu Charles Lederer, parte de um seleto grupo de cineastas e astros da indústria. Por intermédio do produtor, o roteirista também criou relações próximas com Marion Davies e William Randolph Hearst – o “chefão” da mídia da época.

Nos jantares e festas suntuosas de Hollywood – frequentadas por lendas como Charlie Chaplin, Bette Davis, Greta Garbo, Clark Gable e Louis B. Mayer – Mank ficou amigo de Orson Welles, que na época ainda tinha 20 e poucos anos de idade.

Os dois rapidamente começaram a criar a história de Cidadão Kane, caracterizando o protagonista com inspirações em Hearst.

Como o filme da Netflix mostra, o período entre a conclusão do roteiro de Cidadão Kane e a estreia do filme foi marcado por conflitos entre Welles e Mank.

Mesmo concordando em não receber créditos pelo filme, Mank insistiu que seu nome fosse atrelado ao projeto. Welles eventualmente atendeu à solicitação e creditou o roteirista pela trama do longa.

Após a estreia, Cidadão Kane foi indicado a nove categorias do Oscar, vencendo como “Melhor Roteiro”. A experiência azedou o relacionamento de Mank e Welles, e os dois nunca colaboraram novamente.

Mank está disponível na Netflix.

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