Curiosos

7 detalhes sobre a vida de Amy Winehouse que Back to Black deixou de fora

Muitos o comparam ao documentário Amy, elogiado por sua profundidade e sensibilidade ao retratar a vida de Amy, e apontam a abordagem limitada e convencional de Back to Black como um ponto fraco

Cena do filme Back to Black de Amy Winehouse
Cena do filme Back to Black de Amy Winehouse

Back to Black oferece apenas uma visão superficial da vida de Amy Winehouse, omitindo ou alterando certos aspectos de sua história. Dirigido por Sam Taylor-Johnson e estrelado por Marisa Abela como a icônica cantora, o filme busca captar o som e o espírito de Winehouse, mas enfrenta críticas consideráveis. Muitos o comparam ao documentário Amy, elogiado por sua profundidade e sensibilidade ao retratar a vida de Amy, e apontam a abordagem limitada e convencional de Back to Black como um ponto fraco.

A decisão de omitir certos detalhes da vida de Winehouse reflete um desafio comum a filmes biográficos, que raramente conseguem capturar a complexidade total de seus personagens. Para adaptar a história real da cantora, o filme opta por priorizar alguns eventos e pessoas, deixando outras de fora, o que gera uma narrativa condensada e, em alguns pontos, criativamente alterada.

Na trama, acompanhamos Abela como Winehouse nos momentos mais marcantes de sua trajetória: desde os altos e baixos de sua vida pessoal, especialmente em relação ao conturbado casamento com Blake Fielder-Civil (Jack O’Connell), até as sessões de gravação de sucessos como “Back to Black” e a luta com seus vícios em drogas e álcool. O filme também mostra o impacto dessas lutas na carreira e vida pessoal de Amy, levando ao desfecho trágico de sua morte em 2011.

Embora Back to Black acerte em destacar alguns dos eventos mais importantes na vida e na carreira da cantora, a abordagem fragmentada e seletiva limita a compreensão total do público sobre Winehouse. Detalhes importantes de sua infância e os processos internos por trás de sua arte, por exemplo, são deixados de fora, e a trajetória de Winehouse acaba sendo retratada mais por seus dramas do que por sua evolução pessoal e musical.

Ignorou o relacionamento de Amy Winehouse com sua banda e guarda-costas

Amy Winehouse desenvolveu uma relação próxima com seu guarda-costas e com os membros de sua banda de apoio, The Dap-Kings, mas isso não é explorado a fundo no filme Back to Black. Durante grande parte da narrativa, esses personagens são quase ignorados. Embora o filme apresente breves cenas de Amy rindo e interagindo com eles, as complexidades de sua relação com os músicos e seu guarda-costas ficam sem a devida profundidade.

Na realidade, Winehouse e os Dap-Kings não apenas tocavam juntos, mas também compartilhavam momentos significativos fora dos palcos. Eles costumavam sair para jantar e conversavam sobre música, colaborando em ideias criativas que ajudaram a moldar o icônico álbum Back to Black. Durante as turnês, a proximidade era ainda mais evidente — eles nem sequer tinham um camarim separado para Amy, o que promovia uma conexão única entre eles (via BBC). Winehouse frequentemente buscava a opinião dos músicos, valorizando suas contribuições no processo criativo.

Quanto ao guarda-costas de Winehouse, sua ligação com ela também era forte. Ele foi a última pessoa a vê-la com vida e, após sua morte, revelou que costumavam assistir juntos aos vídeos das apresentações da cantora, momentos que ele sempre guardou com carinho (via People).

O filme biográfico cobre apenas a vida adulta dela

Back to Black evitou os primeiros dias e a infância de Amy Winehouse

Back to Black começa retratando Amy Winehouse já como uma adulta precoce, sem incluir cenas de sua infância ou adolescência. O filme não revela quando exatamente ela começou a cantar, nem explora o que a motivou a seguir uma carreira musical. Embora haja uma breve menção a seu irmão, Alex, no início do filme, “Back to Black” não aprofunda o relacionamento entre eles, limitando-se a um comentário superficial. Da mesma forma, o filme também deixa de lado o relacionamento de Amy com sua mãe durante sua juventude.

Além disso, a cinebiografia dedica pouco tempo ao primeiro álbum de Amy, Frank, exceto para mencionar que foi um sucesso. Quem ela era na infância e adolescência e como essas fases influenciaram sua vida adulta permanecem pontos não abordados. Em vez disso, Back to Black foca na Amy que o público conheceu: uma musicista talentosa, com letras intensas, um estilo próprio e uma voz única que a definiram como artista.

Uma conexão musical

Amy Winehouse provavelmente sabia quem eram os Shangri-Las antes de conhecer Blake

No filme, há uma cena em que Blake apresenta Amy Winehouse ao grupo dos anos 60 The Shangri-Las, expressando surpresa por ela não os conhecer, especialmente considerando sua afinidade com a música dessa época. Contudo, não há evidências de que Winehouse realmente desconhecesse o grupo antes de seu relacionamento intermitente com Blake. Na verdade, as Shangri-Las, ao lado das Velvelettes e outros grupos femininos dos anos 60, foram influências profundas no álbum Back to Black, conforme relatado pela Rolling Stone.

Winehouse tinha grande apreço pelas músicas dessa época e costumava ouvir “I Can Never Go Home Anymore,” das Shangri-Las, uma canção que ela considerava especialmente triste e escutava repetidamente após uma de suas separações de Blake (via TikTok). Essa referência à sua familiaridade com a música dos anos 60 e com a história cultural daquele período faz com que a insinuação de que ela desconhecesse The Shangri-Las pareça deslocada e pouco condizente com seu profundo conhecimento musical.

Winehouse apareceu abruptamente onde sua filha estava hospedada, longe dos paparazzi

Mitch Winehouse queria fazer um documentário sobre Amy depois que ela saiu da reabilitação

O filme Back to Black foi criticado por suavizar o papel de Mitch Winehouse na vida de sua filha e o impacto de seu comportamento sobre ela. Diferente do que o filme retrata, houve controvérsias significativas em torno da conduta e das decisões de Mitch. Um episódio marcante que ficou de fora do filme foi sua chegada a St. Lucia em 2009, onde Amy Winehouse estava hospedada após um período na reabilitação, acompanhado de uma equipe de filmagem para produzir um documentário.

Amy pareceu desconfortável e insatisfeita com a presença da equipe, sugerindo que não havia consentido com aquela intrusão. Essa situação evidenciou as tensões na relação entre pai e filha, que não são abordadas no filme. Além disso, Mitch Winehouse expressou publicamente sua desaprovação em relação ao documentário de 2015 sobre Amy, criticando os cineastas e declarando que eles “deveriam se envergonhar” pela maneira como retrataram sua filha (via The Guardian). Ironicamente, o documentário que Mitch pretendia produzir nunca chegou ao público, o que deixa esse episódio ainda mais emblemático em sua relação complexa com Amy.

Os papéis do divórcio revelam que Blake queria a separação devido aos vários casos de Winehouse

O motivo do divórcio de Amy Winehouse e Blake Fielder-Civil foi diferente

Embora Amy Winehouse e Blake Fielder-Civil tenham sido casados por pouco tempo, grande parte desse período foi marcada pela ausência de Blake, que passou vários meses na prisão. Em janeiro de 2009, ele pediu o divórcio, alegando que a infidelidade de Winehouse foi o principal motivo. Naquela época, Winehouse estava em St. Lucia com o ator Josh Bowman, a quem ela supostamente declarou seu amor (via CNN). Fielder-Civil também afirmou que Winehouse o havia traído com outros homens, não apenas Bowman.

No filme Back to Black, Blake diz a Amy que eles são tóxicos um para o outro e que, por essa razão, deveriam se divorciar. Embora haja uma sugestão de infidelidades, essas questões são abordadas de forma superficial. Na vida real, Winehouse admitiu que seu casamento com Blake estava profundamente entrelaçado ao consumo de drogas, embora houvesse um sentimento genuíno entre os dois. A relação era, ao mesmo tempo, intensa e autodestrutiva, com o amor deles sendo muitas vezes obscurecido pelos vícios que compartilham.

Sua última apresentação em Belgrado não fez o corte

Back to Black apresentou apenas as performances mais bem-sucedidas de Amy Winehouse

Em Back to Black, o foco está principalmente nas performances mais aclamadas de Amy Winehouse, incluindo sua icônica apresentação no Grammy. O filme também mostra algumas cenas em que ela está visivelmente segurando uma bebida — em certo momento, ela até desce do palco com um copo de álcool na mão —, mas essas apresentações ainda refletem sua habilidade técnica e presença no palco. No entanto, Back to Black omite uma de suas performances mais notórias e trágicas: seu show final em Belgrado, na Sérvia.

Essa apresentação, que marcou o início de sua turnê de verão pela Europa, ocorreu logo após um período de reabilitação. Desde o momento em que Winehouse subiu ao palco, ficou evidente que algo estava errado. Segundo relatos, ela teve dificuldades para lembrar as letras de suas músicas, os nomes dos membros da banda e até a cidade em que se apresentava (via The Independent). A resposta do público foi de desagrado, com vaias ao longo da apresentação. Esse momento marcante, que culminou no cancelamento do restante da turnê, é deixado de fora dos momentos finais de Back to Black, perdendo assim a oportunidade de explorar o impacto desse episódio na vida de Winehouse.

Não é mencionado no filme

A bulimia de Amy Winehouse não foi um foco da retratação da verdadeira história de Back to Black

Amy Winehouse lutou contra a bulimia ao longo de sua vida, mas Back to Black aborda o tema de forma superficial. O filme menciona brevemente a perda de peso da cantora, mas essa é a única referência à sua luta com o transtorno alimentar. De acordo com o irmão de Amy, Alex, a bulimia se desenvolveu durante a adolescência, e ele acredita que foi, em parte, responsável pela morte de sua irmã. Alex sugere que, se não fosse pela bulimia, Amy poderia ter sido fisicamente mais forte (via The Guardian).

O filme não explora adequadamente a bulimia de Winehouse, relegando-a a um tema periférico dentro da narrativa maior. Caso Back to Black tivesse abordado mais profundamente a juventude de Amy, seria possível oferecer uma visão mais completa sobre como esse transtorno afetou sua vida e carreira. Embora o filme mostre como os problemas de saúde de Amy impactaram sua aparência física ao longo dos anos, a falta de detalhes e a ausência de uma discussão mais ampla sobre o transtorno alimenta a ideia de que esse aspecto crucial de sua vida foi subestimado. Dentro da estrutura limitada do filme, a bulimia de Amy é um tópico que poderia ter sido mais explorado, dando ao público uma compreensão mais completa de suas dificuldades pessoais.

Assista ao trailer de Back to Black que está disponível para aluguel no Prime Video:

Sair da versão mobile