Brasil em Veneza

'Ainda Estou Aqui' emociona em Veneza e tem chances de ir ao Oscar em 2025

Creditos: ANSA
Creditos: ANSA

O filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, foi exibido nesse domingo, 1 de setembro, em uma sessão de gala no Festival de Veneza e emocionou o público presente, que esteve às lágrimas em um misto de emoção, empatia e deslumbramento.

A première para o grande público aconteceu às 19h (14h horário de Brasília), e contou com a presença do elenco e da delegação do filme no tradicional tapete vermelho, além do autor do livro homônimo que foi usado como base para o roteiro do longa, Marcelo Rubens Paiva, que também se emocionou durante a exibição do filme.

É de costume nos grandes festivais no continente europeu que o filme seja aplaudido no final. Contudo, “Ainda Estou Aqui” superou todas as expectativas, sendo aplaudido de pé por mais de 10 minutos ininterruptos. O mesmo comportamento se deu nas sessões exclusivas para a Imprensa durante a manhã, que aconteceram antes da sessão de gala. Jornalistas, críticos de arte e membros da industria cinematográfica mundial aplaudiram por quase 5 minutos o longa de Walter Sales.

Marcelo Rubens Paiva em Veneza (ANSA)

Fernanda Torres

Fernanda Torres, protagonista do longa, está sendo muito elogiada nos bastidores do Festival e segue como uma das favoritas ao Coppa Volpi, que é o prêmio de Melhor Atriz. Há muito tempo uma atriz brasileira não figura na lista entre as possíveis candidatas.

Justiça seja feita: esse longa provavelmente irá relembrar ao grande público da versatilidade da atriz e, para os mais “esquecidos”, trará o redescobrimento do de uma Fernanda Torres madura e profunda, para além das comédias. Com essa atuação, certamente Montenegro será lembrada para a posteridade, independente de ganhar ou não prêmios aqui em Veneza.

Vale ainda lembrar que Torres, uma das atrizes mais renomadas do Brasil, construiu uma carreira diversificada no cinema, televisão e teatro. No cinema, destacou-se em “Eu Sei que Vou te Amar” (1986), onde ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Na televisão, tornou-se uma figura icônica com seu papel na série “Os Normais” (2001-2003), que marcou uma geração com seu humor irreverente. Além disso, Fernanda também se destacou no teatro, em peças como “A Casa dos Budas Ditosos” (2004), consolidando-se como uma das grandes artistas brasileiras.

Oscars à Vista

O Festival de Veneza tem também a tradição de apontar na direção do Óscar. Ao contrário do Festival de Cannes, que acontece após a cerimônia do Óscar, Veneza acontece meses antes e tradicionalmente têm entre a seleção de seus filmes, títulos que acabam por concorrer ao Óscar posteriormente e, até ganhar algumas estatuetas.

Inevitável a comparação de “Ainda Estou Aqui” com “Central do Brasil”. Além de ambos filmes serem de Walter Salles, os mesmos têm o poder de provocar fortes emoções no público e são uma aposta para o Oscar.

A comparação fica ainda mais evidente quando temos de um lado, participando do mesmo filme, Fernanda Montenegro, que concorreu ao Oscar de Melhor Atriz há 25 anos atrás, e do outro lado sua filha, Fernanda Torres, hoje disputando em Veneza e potencialmente no Oscar no próximo ano.

Vale lembrar que, na ocasião de “Central do Brasil”, em 1999, Montenegro disputava com Cate Blanchett (por “Elizabeth”), Meryl Streep (por “Um amor verdadeiro”), Emily Watson (por “Hilary e Jackie”) e Gwyneth Paltrow (por “Shakespeare apaixonado”).

Parece que em 2025, novamente teremos o Brasil no Óscar, provavelmente concorrendo como Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz. Será que a união colossal de forças de Montenegro e Torres irá, finalmente, trazer a cobiçada estatueta para o Brasil? Será que a Academia fará “justiça” à Fernanda Montenegro após 25 anos? Veremos.

Ainda Estou Aqui

O filme conta a história de Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva, Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e mulher do deputado e engenheiro Rubens Paiva, morto em 1971 pela ditadura militar.

Rubens Paiva foi levado da casa da família no Leblon, no Rio, para onde nunca mais voltou.

O elenco do longa de Walter Salles é composto por um conjunto titânico de atores brasileiros. Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva jovem, enquanto Fernanda Montenegro dá vida à mesma personagem em uma fase posterior. Selton Mello assume o papel de Rubens Paiva. Outros nomes no elenco incluem Marjorie Estiano, Maeve Jinkings, Humberto Carrão, Carla Ribas, Dan Stulbach, Valentina Herszage, Bárbara Luz, e Luiza Kosovski. O filme tem 135 minutos de duração e é uma coprodução entre Brasil e França.

O filme é uma produção original Globoplay e ainda não há data de estreia oficial divulgada para os cinemas.

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