Para Henry Cavill, Superman é um amador. O ator não quer que isso soe como uma ofensa aos fãs do personagem dos quadrinhos, mas a sua versão do herói mais poderoso do cânone da DC o coloca como o cara que acabou de começar um novo trabalho, e sabe que errou em muitos sentidos na primeira missão (em O Homem de Aço), quando destruiu e matou gente demais para a sua vitória sobre o General Zod ser comemorada de verdade.
Em entrevista a Entertainment Weekly para promover Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, Cavill abordou sua visão para o personagem, a diferença entre Superman, Clark Kent e Kal-El, e os rumos que o universo da DC pode tomar. Veja os melhores momentos da entrevista:
EW: O termo “kryptonita” se tornou sinônimo, em muitas línguas, com o conceito de fraqueza ou o “calcanhar de Aquiles”. Mas sua versão do Superman também lhe deu uma nova fraqueza: ele não consegue salvar todo mundo…
Cavill: Para mim, quando o assunto é a fraqueza do Superman, a verdade é que está dentro dele. Parece um clichê, mas sua fraqueza é o seu amor pelos seres humanos. Ele ama o que eles trazem para o mundo, ele ama esse planeta e as pessoas com quem ele vive junto. A gente pode mergulhar fundo no que isso significa em termos psicológicos e em termos de definir as intenções de um alienígena super-poderoso, que é o que ele essencialmente é.
Não só ele é à prova de balas, como ele pode suportar muitos maus-tratos da nossa parte.
Sim, o cerne do personagem é esse, o fato de que ele não quer machucar ninguém. Ele não quer assustar ninguém, e nisso você pode se aproveitar muito dele, ele faz com que seja muito fácil fazer isso. Superman é um cara que é um completo amador, e ele está enfrentando no Batman uma pessoa que é muito bem versada nas artes da guerra.
Depois da destruição de O Homem de Aço, você diria que Superman está sofrendo uma espécie de remorso de sobrevivente?
Eu não diria necessariamente que é remorso de sobrevivente. Eu quero dizer que isso seria diferente, porque na verdade Superman está acima da ameaça que ele mesmo destruiu ou da ameaça da morte em si. Eu acho que a coisa mais difícil para ele no momento é que ele tem que fazer as pazes com o fato de que ele é extremamente poderoso e não achou nenhuma grande vulnerabilidade ainda, e que mesmo com esse poder enorme ele não consegue fazer tudo, e ele realmente luta contra isso. Não é só uma realização rápida: “Entendi. Eu não consigo salvar todo mundo.” É um processo longo e doloroso.
Você acha que, em termos de efeitos colaterais, se o Superman enfrentasse de novo a mesma ameaça de O Homem de Ferro hoje em dia, ele faria diferente?
É difícil responder a isso. Eu acho que sim, ele tentaria manter o efeito colateral no mínimo possível, afinal, em Batman Vs Superman, nós veremos exatamente o que aquela destruição toda causou nele e no mundo ao redor dele. Mas mesmo assim, ele estaria primeiro tentando sobreviver ele mesmo, porque se ele perdesse a luta e morresse, a Terra inteira seria destruída. Essa é a “desculpa” que eu coloco para os atos dele no primeiro filme. Ele é novo nisso, e é fácil apontar o dedo para as pessoas que ele deixou morrer para combater Zod, mas o que você faria no lugar dele?
Olhando pelo outro lado, seu Superman não deveria estar um pouco irritado com a humanidade? Ele salvou o mundo, e isso não parece ser o suficiente para ninguém.
(Risos) O que eu tento transmitir sobre o Superman é que, apesar de ele ser fisicamente infalível, psicologicamente ele é tão vulnerável quanto cada um de nós, suscetível às mesmas coisas que nós somos suscetíveis. Quando você faz seu absoluto melhor e mesmo assim você não consegue salvar todo mundo, e de fato você não consegue salvar muita gente, e então as pessoas apontam o dedo para você e dizem que você é o vilão da história, isso vai ser obviamente frustrante. A reação humana a algo assim seria uma coisa do tipo, “Ei, espere um minuto, vai se f*der!”, e a reação do Superman é quase essa, dói muito para ele.
Tem alguma história mais bizarra do Superman dos quadrinhos que você gostaria de interpretar no cinema? Eu gosto especialmente de “Red Son”, que conta a história do que aconteceria se o Superman tivesse aterrissado na União Soviética enquanto bebê, e não nos EUA.
Eu adoro essas histórias diferentes e versões alternativas, e li “Red Son” especialmente para me preparar para O Homem de Aço, porque eu acho interessante ver como, mesmo tendo crescido e vivido em um ambiente diferente, o Superman ainda é essencialmente a mesma pessoa nessa história. Eu acho que por enquanto o importante é contar uma história em que o personagem se integre ao universo planejado pela Warner e pela DC, no mesmo tom de realismo que estabelecemos e no arco de personagem que já desenhamos. A partir daí, com certeza podemos começar a explorar essas coisas mais alternativas.
O que Batman e Superman conversam entre os takes nos bastidores?
Coisas do tipo: “Ei, você também precisa fazer xixi?”, “Sim, preciso muito”, “Será que vamos agora ou esperamos?”, “Quanto tempo será que teremos entre um take e outro?”. (Risos) É basicamente esse o processo.
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