Recentemente a Marvel lançou um site nacional de Capitão América: Guerra Civil para oferecer a pré-venda de ingressos do filme no Brasil. A página também dá a opção ao internauta de escolher o seu lado na briga entre o herói titular e o Homem de Ferro. E um deles está vencendo de lavada…
Até o fechamento desta matéria, nas primeiras horas do dia 1º de abril, o Homem de Ferro ganha a preferência do público brasileiro com esmagadores 70%. Para participar dessa disputa e votar no seu herói favorito, basta clicar aqui.
Mas antes disso, como o Observatório do Cinema é democrático, preparamos aos indecisos de plantão um artigo que oferece bons argumentos para você escolher tanto o time do Capitão América quanto o do Homem de Ferro.
Artigo | Por que e como a Guerra Civil começa
Vamos começar falando um pouco sobre as ideologias que entram em conflito em Guerra Civil. Com o último trailer já lançado, todo mundo sabe a trama básica do filme dos irmãos Russo (que também dirigiram O Soldado Invernal): inspirada em um arco dos quadrinhos, Guerra Civil começa com o governo americano, encarnado na forma do General Ross (William Hurt), pressionando os super-heróis ao redor do país na questão do dano colateral causado por suas ações mais recentes. Assim que uma lei com o objetivo de registrar e colocar os heróis sob supervisão governista é aprovada, Tony Stark, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr), se alinha em apoio à medida. Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans), por sua vez, é firmemente contra a ideia. A discordância escala, eventualmente, para um conflito direto entre os dois heróis e aqueles que apoiam um ou outro lado da briga.
Vale começar analisando os dois times e o por que de eles estarem divididos assim. Do lado do Homem de Ferro, também apoiando a iniciativa de registro dos super-heróis, ficam: a Viúva Negra (Scarlett Johansson), que talvez não confie em sim mesma para controlar o instinto assassino incutido nela pela organização que a treinou quando criança; o Visão (Paul Bettany), cuja fé na autonomia e na responsabilidade de seres humanos dotados de poder absurdo pode ser, compreensivelmente, pouca; o Máquina de Guerra (Don Cheadle), que no final das contas já trabalha de certa forma para o governo, e cuja aliança ao amigo Tony não é nenhuma surpresa; e o Pantera Negra (Chadwick Boseman), cuja motivação é um pouco mais elusiva, mas vale lembrar que o herói é também o soberano absolutista de uma tribo africana, acostumado a um governo de punho firme e controlador.
Do lado do Capitão América, portanto, sobram o Falcão (Anthony Mackie), cuja confiança no julgamento de Rogers provavelmente o levou a escolher seu lado com bastante facilidade; o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), cuja vida doméstica escondida da autoridade da S.H.I.E.L.D. provavelmente iria por água abaixo caso o governo tomasse uma posição mais rígida no registro e controle dos super-heróis; o Homem-Formiga (Paul Rudd), cuja desconfiança das autoridades governamentais não é só compreensível como um traço definidor do personagem em muitos sentidos; a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), talvez motivada pelos desmandos do governo de sua Sokovia natal a desaprovar a ideia de se tornar basicamente uma funcionária pública; e o Soldado Invernal (Sebastian Stan), que já sofreu bastante nas mãos de pessoas e organizações que quiseram controla-lo graças aos poderes que possui.
E aí, o que dá para perceber com a estrutura desses times? Para a gente, o que fica claro é que a Guerra Civil dos personagens do universo Marvel é essencialmente sobre controle governamental, as consequências e vantagens dele. Vale lembrar que, durante a primeira fase dos filmes da Marvel, nossos heróis atuavam basicamente sob o comando da S.H.I.E.L.D., dirigida por Nick Fury (Samuel L. Jackson). Em O Soldado Invernal, descobrimos segredos sujos da agência governamental, Fury foi quase morto e escapou para a clandestinidade enquanto a S.H.I.E.L.D. ruiu sobre si mesma, levando junto consigo os agentes da HYDRA, uma organização nazista que ainda sobrevive no submundo do crime.
Nas palavras do próprio Dr. Zola (Toby Jones), uma das figuras principais da HYDRA, a organização foi fundada com o princípio de que “não podemos confiar à humanidade com a sua própria liberdade”. Zola ainda completa dizendo que os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial ensinaram à organização que, apesar disso, os seres humanos não admitem que essa liberdade seja simplesmente tomada deles – e logo nasceu o plano de se infiltrar na S.H.I.E.L.D. e fazer com que o mundo “entregue sua liberdade voluntariamente”. Há um argumento a se fazer sobre essa iniciativa de registrar e controlar super-heróis se aproximar um pouco demais dos princípios e da missão da HYDRA, especialmente no sentido que é uma população assustada que está entregando se bandeja para o governo o controle sobre as pessoas mais poderosas da Terra.
Mas calma, nem tudo nessa discussão coloca o lado tomado pelo Homem de Ferro como o “vilão” da história. A verdade é que é compreensível que essa população assustada que acabamos de mencionar argumente que é preciso conter o tamanho do dano colateral causado pelos heróis. Nós sabemos, os governos sabem, e o povo sabe, que essas pessoas provavelmente estão fazendo o melhor que podem para salvar o mundo sem matar muita gente pelo caminho, mas uma supervisão governamental poderia, num mundo ideal, significar ações mais coordenadas e com mais recursos para evitar o nível de destruição e pessoas inocentes correndo perigo que vimos em Era de Ultron, por exemplo.
O problema é que o universo cinematográfico da Marvel, exatamente como o nosso, não é um mundo ideal. Na nossa realidade, os governos são invariavelmente confiados com as armas mais poderosas que a humanidade conseguiu criar, e o que vemos é que não só governos radicais como o da Síria ou o da Coreia do Norte usam essa responsabilidade de forma egoísta e leviana – os EUA mesmo tem um arsenal de armas nucleares absolutamente desproporcional, e cujas condições de preservação e segurança são deploráveis. Substitua “armas nucleares” por “super-heróis”, e você tem o argumento fundamental para tomar o lado do Capitão América nessa Guerra Civil.
No último trailer lançado, Steve Rogers pode ser ouvido dizendo: “Nós não somos perfeitos, mas as mãos mais seguras ainda são as nossas”. O argumento do Capitão é que colocar poderes extraordinários nas mãos de organizações e governos é submetê-los a motivações políticas, burocracias e líderes com motivações pouco confiáveis.
O argumento do Homem de Ferro é que um governo tem mais autonomia para decidir o que é bom para seu povo do que um grupo pequeno de heróis agindo como juiz, júri e carrasco em um caso em que pesa a segurança de milhões de pessoas. E aí, já se decidiu de que lado você está?
Capitão América: Guerra Civil chegará aos cinemas brasileiros em 28 de abril, inaugurando a Fase 3 da Marvel, mas já iniciou sua pré-venda. Com 2 horas e 27 minutos, será o filme mais longo do universo da Marvel.
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