Análise

Criador de Jurassic Park previu a parte mais bizarra da greve dos atores

Invenção de Michael Crichton já não é mais ficção científica

O tiranossauro em Jurassic World 2
O tiranossauro em Jurassic World 2

Atualmente, Hollywood vive um dos momentos mais conturbados de sua história, marcado pela greve simultânea dos roteiristas e dos atores. Nas negociações, um dos pontos mais delicados envolve o uso da Inteligência Artificial na indústria do entretenimento. O que muita gente não sabe é que essa questão foi prevista, há muitos anos, pelo criador de Jurassic Park.

Em meio à greve, o Sindicato dos Atores revelou que os representantes dos estúdios propuseram que, com a utilização da Inteligência Artificial, a imagem dos artistas poderia ser utilizada “pelo resto da eternidade e sem qualquer pagamento”.

A possibilidade faz lembrar a trama do filme O Domínio do Olhar, uma produção de ficção científica lançada em 1981, com direção de Michael Crichton, o criador da história de Jurassic Park.

Mostramos abaixo por que o projeto do diretor previu como ninguém a parte mais bizarra da greve dos atores; confira! (via SlashFilm)

Cena do filme O Domínio do Olhar.

Filme do criador de Jurassic Park é real na greve dos atores

O filme O Domínio do Olhar, para quem não conhece, acompanha a história do Dr. Larry Roberts (interpretado por Albert Finney), um bem-sucedido cirurgião plástico de Beverly Hills que, após descobrir que suas pacientes estão sumindo misteriosamente, embarca em uma intensa jornada para descobrir a verdade.

No mais clássico estilo de Alfred Hitchcock, o protagonista se junta à modelo Cindy (vivida por Susan Dey) em um jogo de gato e rato contra os representantes da poderosa empresa Digital Matrix, também conhecida como DMI.

Um dos elementos mais interessantes do filme é o scanner digital da DMI – um aparelho sinistro que transforma toda a imagem de uma pessoa em um arquivo digital, que pode ser utilizado e manipulado pela empresa até mesmo após a morte da pessoa em questão.

Parece familiar, certo? É exatamente isso que os estúdios de Hollywood querem fazer com os atores por meio da Inteligência Artificial! Este também é um dos principais e mais importantes motivos para a greve da categoria.

“Se nós não nos posicionarmos de maneira firme, teremos problemas. Estamos correndo o risco de sermos substituídos por máquinas”, disse Fran Drescher, a presidente do Sindicato dos Atores, no anúncio da greve.

Durante a conferência de anúncio da paralisação, Duncan Crabtree-Ireland, o chefe de negociações do Sindicato dos Atores, revelou que uma das propostas dos estúdios de Hollywood e das plataformas de streaming é relacionada à “proteção da imagem digital dos atores”.

Porém, na prática, a proposta indica que os estúdios teriam a possibilidade de pagar os figurantes por um único dia de trabalho, copiar a imagem dos artistas por meio de Inteligência Artificial e, eventualmente, usar essa imagem em outros projetos sem o consentimento dos atores – por toda a eternidade.

Ou seja: a proposta dos estúdios é basicamente idêntica ao plano dos vilões de Domínio do Olhar. Estamos vivendo, literalmente, em tempos de ficção científica!

“É hora de ouvirmos artistas como Michael Crichton, respeitarmos o valor do trabalho, explorarmos as ricas veias da história da arte, e aplicarmos essas lições ao nosso cotidiano, para que não acordemos amanhã e nos vejamos permanentemente substituídos por um maldito computador”, conclui o site SlashFilm.

Clique aqui para entender melhor as motivações da greve dos atores e conhecer as principais reivindicações da categoria.

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